Grande Jornal do Pará divulga nota de repúdio às pesquisas fraudulentas do Ibope

Há uma enorme distância entre o equívoco e uma tentativa de interferência. Ao longo da história, pesquisas eleitorais no Brasil têm sido mais danosas que esclarecedoras para a democracia, denotando evidente busca por influir resultados. Assim tem sido recorrentemente com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o Ibope, que ao longo de seus 78 anos de história apresenta uma trajetória marcada por acertos, mas, sobretudo, por incontáveis e grosseiros erros – que resignadamente acreditamos ser culposos, em detrimento do inaceitável dolo.

A pesquisa do Ibope divulgada no último domingo (29), que dava ampla vitória ao candidato Edmilson Rodrigues (Psol) sobre delegado federal Everaldo Eguchi (Patriota) é um caso que configura tentativa de influenciar os votos dos belenenses. Aliás, esta é uma prática constante do Ibope, como ocorrera no primeiro turno, em Belém, quando mais uma vez o instituto agiu na manipulação dos dados, apresentando simulações de um eventual segundo turno com o primeiro, o segundo e o quarto colocado nas pesquisas, excluindo o terceiro colocado no seu próprio levantamento. Até que ponto a “pesquisa” teve êxito nessa infâmia, nunca saberemos ao certo.

Mas o que sabemos, e não se trata de achismo, é que os números mais recentes apresentados pelo instituto, dando vantagem de 58% para um candidato, que com a margem de erro poderia chegar a mais de 60% dos votos, como se viu, passou longe da realidade. A eleição foi decidida por uma diferença de aproximadamente 30 mil votos, pouco mais de 51% para o eleito, bem distante da simulação (ou dissimulação) apresentada pelo instituto.

Desvios similares foram percebidos neste segundo turno em outras capitais. Em São Paulo, o candidato Boulos (Psol) recebeu 40% das intenções de votos, contra 47% da última pesquisa. Em Porto Alegre, segundo a última pesquisa do Instituto, Manuela d’Ávila, do PC do B, teria sido eleita com 51% das intenções de votos, mas nas urnas obteve 45% da preferência do eleitor da capital gaúcha, perdendo o pleito. Já em Fortaleza, o Ibope apontou que o prefeito eleito Sarto (PDT) teria 61% das intenções, mas a vitória foi bem apertada, com 51% dos votos.

Diante desse fato, do erro grotesco ou da má-fé, o Ibope deve vir a público se explicar. No caso de Belém, terá que assumir uma posição que não será digna em nenhum cenário. Se assumir um erro, uma distorção em tamanha escala, muito além da margem de erro (em uma pesquisa que se dizia com 95% de chance de retratar a verdade), colocará por terra a credibilidade de seus métodos estatísticos.

Se assumisse a manipulação, o que nunca o fará, teria que fechar as portas, pois a (falta de) credibilidade não permitiria a sobrevivência do instituto em uma sociedade republicana que clama sempre por mais transparência e justiça. Mas ainda há um terceiro caminho que o instituto pode tomar, do silêncio, ignorando a interferências e os males que cometeu em um jogo político que deve ser justo.

De nossa parte, vamos levar ao Conselho Administrativo do Grupo a evidente tentativa do Ibope de prejudicar candidatos e eleitores há décadas no Brasil, de forma que sejam adotadas medidas que resguardem o papel da imprensa, de informar com clareza e exatidão, bem como a credibilidade de um veículo que tem 74 anos de tradição. Pelo exposto acima, respeitando a cada um de seus leitores, nós, do Grupo Liberal, pedimos sinceras desculpas por qualquer equívoco que tenha cometido a partir desta indução. Quanto ao Ibope, tomaremos as medidas judiciais cabíveis contra o instituto, a partir de provas circunstanciais e materiais que não poderão ser reveladas agora, por se encontrarem com corpo jurídico da empresa, que analisa os documentos para decidir quais trâmites serão adotados.

Oliberal

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