No Dia Internacional da Mulher, Faar conta a história de três mulheres que dedicaram a vida ao esporte

O esporte tem sido, ao logo dos séculos, uma importante ferramenta de inclusão, e não foi diferente no que diz respeito à participação das mulheres. Neste 08 de março, data instituída como o Dia Internacional da Mulher, como forma de homenageá-las, a Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar) apreseta as histórias de três mulheres que dedicaram suas vidas ao esporte e prestam importantes serviços à instituição.

A primeira personagem é a professora Margareth Bahia Marques Hayden, de 50 anos. Treinadora de atletismo desde 1997, Margareth descobriu o amor pelo esporte entre os anos 1985 e 1987, quando ainda estudava na antiga Escola Técnica Federal do Amazonas (ETFAM) e passou a fazer parte da fanfarra e da equipe de atletismo. Como os horários conflitavam, resolveu seguir com o esporte e passou a treinar na área de lançamento, onde fez arremesso de peso e lançamento de dardo e disco.

Como atleta, Margareth participou dos Jogos Escolares do Amazonas (Jeas) e tomou gosto pela prática esportiva. Para ela, o incentivo e dedicação dos seus treinadores foram fundamentais para a sua formação acadêmica e cidadã. Apoiada pelo professor Jefferson Jurema e seu auxiliar na época, professor Ivan Ferreira, ela foi aprovada para o curso de Educação Física da então Universidade do Amazonas (UA), em 1989, e em 1997, já funcionária pública concursada, escolheu atuar como treinadora, sendo pioneira entre as mulheres nesse setor.

“Fui a única mulher que aceitou trabalhar no lançamento dentro do Centro de Treinamento da Vila. O tempo foi passando, fui gostando e trabalhando cada vez mais em cima dessa modalidade. Me aproximei dos treinadores cubanos, russos e demais estrangeiros que vieram para cá e, com eles, adquiri muito conhecimento na área”, contou.

Em uma época em que a presença feminina no esporte era bem menos frequente do que atualmente, Margareth sempre recebeu o apoio da mãe, Raimunda, e das irmãs Salete Auxiliadora e Cristina, para perseguir seus objetivos, principalmente tendo que conciliar carreira e vida pessoal.

“Sempre fui respeitada, até pela minha postura como mulher. Como treinadores, temos que nos dedicar intensamente aos alunos e muitas vezes a família não entende muito bem essa ausência e você precisa saber lidar com essas coisas. É muito complicada essa questão de você ter que cuidar dos filhos e não abandonar os atletas”, comentou a treinadora.

Esporte Paralímpico – Vice-presidente e diretora técnica da Associação Paradesportiva do Norte (Apan), Dimicília Farias de Lira Colares, de 51 anos, a “Dimi”, como é mais conhecida, conheceu o esporte paralímpico em 2016, quando começou a atuar no Centro de Treinamento de Alto Rendimento do Amazonas (Ctara).

Ela iniciou no esporte aos dez anos, por incentivo da mãe, que incentivava a ela e aos irmãos a praticar esportes como uma alternativa para que não ficassem na rua. “Minha mãe sempre foi minha maior incentivadora, faz isso até hoje, e agora que me dedico ao esporte paralímpico, gosta mais ainda”, ressaltou.

Predominantemente masculinas, as provas encaradas por Dimicília no atletismo eram lançamento de disco e arremesso de peso. Mesmo com as dificuldades, ela destacou que sempre recebeu apoio dos professores e colegas que, após os treinos, se reuniam para discutir possibilidades de melhorias nos movimentos e na prática da modalidade.

A treinadora avalia que a mulher leva vantagem ao conseguir ser multifuncional, administrando casa, trabalho e vida social, mas reconhece que é necessário realizar diariamente o exercício de empoderamento, já que ainda acontece de muitas vezes as mulheres terem seu valor e capacidade profissional questionados e pouco valorizados. Ela também chamou a atenção para a predominância masculina que existe no esporte.

“Até hoje vejo que as mulheres são minoria no esporte. Já crescemos muito, mas precisamos desenvolver ainda mais. Acredito que o estímulo ao esporte deve vir desde o nascimento, com a própria mãe da criança praticando exercícios. Daí em diante, o incentivo tem que ser contínuo para que mais mulheres possam ter gosto por praticar as diferentes modalidades e serem exemplo de força, determinação e garra diante da sociedade”, destacou.

Vencendo barreiras – Vice-presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e gerente do Centro de Ginástica do Amazonas (CGA), Verônica Martins, de 64 anos, já tem mais da metade da vida dedicada ao esporte. Aos 21 anos, veio de Roraima para Manaus para cursar Educação Física, por ser atleta desde os 14 anos. Verônica conta que outra mulher foi uma das suas maiores inspirações no seu início no basquetebol.

“Quando estava com 14 anos, na 7ª série, imitava em tudo minha professora de Educação Física, Vanilde. Ela era negra, jogadora de basquete e foi minha maior inspiração para seguir no esporte. Lembro que ela dizia que eu tinha capacidade e habilidade e eu precisava treinar para dar certo. Foi o meu maior exemplo no esporte”, contou.

Além de dirigir a parte esportiva de uma escola particular de Manaus, Verônica também foi presidente da Federação Amazonense de Desporto Escolar (Fade) e da Federação Amazonense de Ginástica (FAG). Mesmo alcançando o sucesso e reconhecimento profissional, ela lembra ter encontrado muitos obstáculos ao longo do caminho. “O início foi bem difícil, principalmente por ser mulher e de fora do Amazonas. Sofri bastante preconceito, mas busquei transpor cada barreira e depois de algum tempo tive gratas oportunidades”, contou.

Verônica se considera uma vencedora. Diante do preconceito e das adversidades, ela comemorou o trabalho e as conquistas que a ginástica amazonense teve durante sua gestão na FAG e falou sobre a satisfação em ser mulher e ter realizado muitas coisas em benefício do esporte local.

“Acredito que com muito trabalho duro consegui o espaço que a ginástica do Amazonas merecia. Tenho orgulho de ser mulher e de chegar aonde cheguei e espero que mais mulheres possam entender a sua importância e sua capacidade diante de qualquer coisa”.

FOTOS: Mauro Neto/Faar

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