Cigarro potencializa em até três vezes o risco de desenvolvimento do câncer de bexiga

Responsável por mais de 60% dos casos de câncer de bexiga em mulheres e 25% em homens, o tabagismo é um dos maiores fatores de risco para as neoplasias malignas em geral e, quando se trata do aparelho urinário, o produto é ainda mais nocivo. “Por ser o sistema responsável pela filtragem das impurezas do sangue e eliminação na urina, é também um dos mais afetados pelas substâncias tóxicas que compõem o cigarro. Alertamos sempre que os fumantes têm pelo menos três vezes mais chances de desenvolver neoplasias malignas de bexiga”, assegura o cirurgião urologista da Urocentro, Dr. Giuseppe Figliuolo.
 
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde (MS), são estimados 9.480 casos da doença no Brasil, neste ano, ou, 6,43 diagnósticos para cada 100 mil homens (taxa bruta de incidência) e 2,63 para mulheres, considerando a mesma proporção. 
 
No Amazonas, estima-se que sejam registrados 30 novos casos ao ano para homens e 20 para mulheres. A taxa bruta de incidência aponta 1,53 casos para cada 100 mil homens e 1,20 para o mesmo grupo de mulheres.
 
Alterações
 
Com vasta experiência no tratamento de neoplasias do sistema urinário, Figliuolo destaca, de forma mais didática, que quando os componentes do cigarro entram na corrente sanguínea, inúmeras alterações negativas podem ser observadas. 
 
No caso do sistema urinário, composto rins, ureteres, bexiga e uretra, o impacto ocorre em todos eles. Embora a filtragem ocorra nos rins, a próxima etapa é seguir para a bexiga, para armazenagem e posterior liberação. Com o processo contínuo, pode haver uma mutação celular, resultando no aparecimento de lesões benignas e malignas.
 
“Apesar de não ser um câncer de números muito expressivos, ressaltamos que a doença ainda apresenta alta taxa de mortalidade, principalmente por não apresentar sintomas na fase inicial. Alguns sintomas como sangue na urina, dor pélvica, dor nas costas, dor ao urinar, espuma na urina, infecções urinárias de repetição, fadiga e perda de peso, só aparecem quando a doença está na fase intermediária ou avançada, o que ocorre, geralmente, com o diagnóstico tardio. Nesses casos, as chances de sucesso nos tratamentos disponíveis ficam reduzidas”, explica.
 
Por isso, segundo o especialista, é importante visitar, anualmente, um urologista, para uma avaliação clínica e exames que possam descartar a presença de patologias ou apontar precocemente possíveis alterações. “Quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura”. 
 
O diagnóstico da doença e feito através de avaliação clínica e exames complementares, como os de sangue e de imagem. 
 
Já o tratamento, que é definido conforme o estágio da doença (estadiamento), pode ser individual ou multidisciplinar, envolvendo cirurgia e/ou quimioterapia, além da imunoterapia intravesical. No caso da cirurgia, a transuretral endoscópica (RTU) é uma das possibilidades. Trata-se da raspagem do tumor em estágio inicial. A pacientes com doença em estadiamento de alto grau pode haver indicação de cistectomia (remoção parcial ou total da bexiga).
 
Insuficiência renal
Outra alteração relacionada ao aparelho urinário é a insuficiência renal obstrutiva, comum em pacientes com cânceres cervicais, como o de colo uterino. 
 
“Aproveitamos o Março Lilás para abordar o tema, que é de grande relevância, já que a doença pode ser prevenida com a realização periódica do exame preventivo (Papanicolau)”, reforçou Giuseppe Figliuolo.
 
Com o tumor em fase avançada, se espalhando para outras partes da pelve, pode haver a compressão e posterior aumento do volume renal. A conseqüência é a insuficiência renal obstrutiva, a qual inibe o fluxo da urina pelo seu canal de passagem normal. 
 
“Nesses casos, o tratamento pode ser feito através da nefrostomia guiada por ultrassonografia, que promove uma desobstrução mais rápida e com menos efeitos colaterais, dando mais qualidade de vida ao paciente”, esclareceu.

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