De acordo com a ministra, o mundo não está preparado para enfrentar uma crise climática. “A humanidade tem que chegar à conclusão de que não está preparada e que não está preparada porque não ouviu os reclames da ciência”.
“O que nós estamos descobrindo agora é que [o planejado] não foi suficiente. E ter essa clareza e essa responsabilidade de não querer mascarar a realidade ou minimizar a realidade faz parte de uma postura republicana diante da sociedade”, contou a ministra.
Em um ano marcado por desastres ambientais, o presidente Lula chegou a anunciar, no começo desse mês, que tirou da gaveta a proposta de criação de uma autoridade climática para enfrentar os efeitos da crise. O anúncio veio no momento em que o país sofre com a maior seca dos últimos 75 anos e uma alta em incêndios florestais. Ele potencialiou, também, multas por incêndios florestais.
A ministra e o presidente estão cumprindo agendas na semana do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA).
Marina deve passar pouco tempo no evento, priorizando a pauta ambiental do Brasil. “Obviamente que, quando você está nesse lugar, você pode ser cobrado. Ser cobrado não é problema. Agora, obviamente que os países desenvolvidos, para cobrar, eles precisam também fazer o aporte dos recursos que ficaram acordados no Acordo de Paris [e que nunca foram feitos]. E o Brasil tem conseguido reduzir o desmatamento sem precisar de ajuda externa”.
De acordo com ela, “o Brasil é vítima da mudança climática. É um país vulnerável”. Ela destacou que parte dos incêndios é de origem criminosa, ressaltando que instituições que trabalham no combate a esses crimes, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Polícia Federal já foram alvos de ataques por suas ações de repressão a crimes ambientais.
Incêndios são uma “afronta”
A ministra relatou que, durante uma viagem ao lado do presidente para visitar comunidades na Amazônia, não foram encontrados incêndios. No entanto, ao retornar, puderam observar, pela janela do avião, diversos focos de incêndio. “Houve ali uma tentativa, no meu entendimento, de fazer uma afronta. Estavam passando o presidente, o ministro da Defesa, as autoridades da República”, contou.
Marina destacou a importância da “agenda da sustentabilidade”, independentemente do partido.