Arqueólogos descobriram uma “cápsula do tempo” pré-histórica nas turfas antigas do Parque Nacional Exmoor, na Inglaterra. Recheado de insetos e fragmentos de plantas, o achado pinta um retrato das criaturas que já viveram ali.
A iniciativa de restauração faz parte do Projeto South West Peatland, que tem como objetivo transformar as turfas — material de origem vegetal parcialmente decomposto — danificadas de volta ao ambiente diverso e úmido que costumavam ser. A ideia é manter a água nas turfas para que a terra possa absorver mais carbono e aumentar suas chances de sobrevivência às mudanças climáticas.
O projeto é conduzido pelo National Trust, organização responsável pelo parque, e as autoridades do parque nacional South West Water e Exmoor.
Vestígios do passado
A descoberta aconteceu durante a restauração das turfas no Holnicote Estate, na região de West Somerset. Os pesquisadores encontraram a área onde havia um bosque soterrado, no qual identificaram restos de plantas da família dos juncos, salgueiros e árvores do tipo amieiro. Um pedaço de salgueiro foi datado ao começo do período Neolítico, entre 3940 e 3650 a.C..
Foram detectados vestígios de besouros, ácaros de musgo e outros insetos que viveram há 5 mil anos e que até hoje podem ser encontrados em zonas úmidas saudáveis. As turfas contêm pouco oxigênio, logo, madeiras e outros materiais orgânicos submersos — incluindo corpos humanos — podem sobreviver e ficar preservados nelas por milhares de anos.
“A parte mais incrível [da descoberta] é o quanto tudo está bem preservado e que agora sabemos onde havia árvores em ambientes que não as têm mais”, diz Basil Stow, guarda florestal do National Trust, em entrevista ao jornal The Guardian. “O fato de termos encontrado espécies de árvores em condições tão boas é especialmente importante porque isso nos ajudará a descobrir como os habitats de turfas se formaram em primeiro lugar, milhares de anos atrás.”
De acordo com Stow, entender o passado é essencial para estabelecer um futuro melhor para o ambiente. “Podemos começar esses processos de novo para capturar mais carbono e restabelecer a paisagem”, explica. “Não estamos tentando recriar a paisagem da Idade do Bronze, e sim usar o conhecimento que obtivemos sobre processos naturais que formaram esses habitats para informar como podemos cuidar da área no futuro.”
Até o momento, os processos de replantar um novo salgueiro e amieiros já começou. As técnicas de restauração incluem a desaceleração do escoamento e a criação de lençol freático estável que mantenha as turfas molhadas, ajudando a reduzir as emissões de carbono e a proteger restos arqueológicos.
Galileu