Em dois dias, a Petrobras perdeu R$ 46,5 bilhões em valor de mercado, após a demissão de Jean Paul Prates, de acordo com um levantamento feito pela Elos Ayta Consultoria. Agora, a estatal vale R$ 496,38 bilhões.
Nesta quinta, as ações ordinárias (PETR3, com direito a voto) recuaram mais 1,82% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) caíram 2,84%, após o tombo de mais de 6% ontem. Até o momento, as ações acumulam queda de mais de 8%, desde a troca no comando da empresa, anunciada na noite de terça-feira.
O mercado interpretou a demissão de Prates como uma escalada da interferência do governo na estatal, com temor de que isso poderia afetar a dinâmica de lucros e investimentos da empresa.
— As ações deram uma aliviada depois do susto, mas o mercado tem uma série de preocupações. Um fator que chamou bastante a atenção foi que a Magda (nova CEO) não vai ter carta branca para a diretoria, o que é um sinal claro de interferência do governo para os investidores — afirma Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Magda foi escolhida para assumir o posto de Prates no comando da estatal. Fontes próximas a ela dizem que a engenheira sabe que não terá “carta branca” para escolher a diretoria e os principais cargos da empresa. Prates teve e as nomeações eram um dos focos de tensão com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ele foi o principal desafeto de Prates e contou com o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para convencer Lula a substitui-lo.
Para Lima, o mercado ainda está na defensiva com as mudanças que podem ocorrer com um novo comando na empresa.