Após a repercussão do vídeo onde a jovem promotora de festas Mariana Ferrer é humilhada durante o julgamento do homem que ela acusou de estupro, a presidente da Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputada Alessandra Campêlo (MDB) protocolou, nesta quarta-feira (4), uma Moção de Apelo que pede a apuração e responsabilização das condutas dos operadores de direito presentes na audiência.
O documento foi encaminhado ao Conselho Nacional do Ministério Público e Conselho Nacional de Justiça, que devem investigar a condução do juiz e a omissão do promotor, que foram coniventes com a violência contra a vítima, além da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional de Santa Catarina, recomendando a instauração de um processo disciplinar por ter extrapolado o limite da defesa de seu cliente, o empresário André de Camargo Aranha.
A deputada destacou que o que ocorreu com Mariana é o retrato da situação de muitas mulheres no Brasil e no mundo, que por medo de serem julgadas e desacreditadas, optam por não denunciar esses crimes. A parlamentar frisou, ainda, que não existe justificativa para um crime hediondo como o estupro.
“A mulher sofre violência duas vezes; uma quando é agredida e outra quando é humilhada e culpabilizada pelo crime. Sempre procuram uma justificativa que jogue toda a responsabilidade na vítima: a roupa muito curta, o fato de estar na rua sozinha… Além da violência, a mulher muitas vezes tem que lidar com a misoginia, a cultura do estupro e a humilhação praticada por aqueles que deveriam acolher e fazer a justiça. Nenhuma mulher merece passar por isso”, disse.