Sob críticas crescentes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível em quase 20 anos, desde julho de 2006.
A decisão representa um novo capítulo na tensão entre o Palácio do Planalto e a autoridade monetária. É a quarta reunião consecutiva em que o Copom opta pela estabilidade dos juros básicos da economia brasileira, ignorando os apelos do governo pela redução da taxa, que considera o principal entrave ao crescimento e à geração de empregos.
Com a manutenção da Selic neste patamar elevado, torna-se insustentável para a base de apoio do atual governo continuar culpando o governo anterior pela alta taxa de juros. O desafio agora recai diretamente sobre a gestão Lula, que precisa conviver com o custo de crédito historicamente alto.
No comunicado, o Banco Central fez ajustes muito pontuais e evitou qualquer sinalização sobre o início do corte de juros. No entanto, o BC indicou uma sutil melhora no horizonte inflacionário: reduziu a projeção oficial de inflação no horizonte em que o Copom trabalha para alcançar a meta de 3,3% para 3,2% — um valor mais próximo do alvo de 3,0%.
Apesar dessa ligeira revisão para baixo na projeção de inflação, o BC manteve sua postura de cautela extrema, reforçando que o combate à inflação é a prioridade, mesmo sob forte pressão política. A mensagem implícita é clara: o compromisso com a estabilidade de preços se sobrepõe ao desejo de estímulo econômico do Executivo, deixando a bola da crise de juros no campo do governo federal.





