Em 10 de setembro é marcado como o Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio e o mês preenchido por campanhas de conscientização e acolhimento. Em um ano de pandemia, com o isolamento social se estendendo e sem qualquer previsão de retorno à normalidade, a campanha ganha ainda mais força e relevância. Dados apontam que são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo.
Trata-se de uma realidade alarmante e que requer atenção redobrada, pois registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
O psicólogo do Sistema Hapvida, Dr. Carol Costa, ressalta que é justamente em momentos difíceis que precisamos do outro. “As pessoas estão cada vez mais preocupadas, com medo, entristecidas, melancólicas, depressivas. A simples aproximação pode fazer toda a diferença, pois somos parte de um coletivo. Ao perceber sinais não só em você, mas no outro também, se aproxime, mostre que ele não está sozinho, que tem com quem contar. Busque ajuda, procure um psicólogo, ele tem as ferramentas necessárias e o conhecimento para te ajudar”, afirma.
O psicólogo Wilton Cabral aponta que a depressão é uma das principais causas do suicídio, pois as variáveis são inúmeras. “Podemos até pensar que mesmo o indivíduo que cometeu suicídio teria dificuldades de explicar os motivos, pois é uma angústia muito relevante com uma sensação de vazio significativo e sem uma explicação lógica”, explica o médico do Hapvida Saúde.
Além disso, ele alerta que é preciso ficar atento e compreender o suicídio como uma realidade que pode afetar pessoas próximas e é fundamental conversar a respeito. “Os suicídios podem ser evitados desde que tenhamos conhecimento sobre seus sintomas, causas e formas de evitá-lo”, destaca o especialista.
Sinais de alerta – Para contribuir na prevenção do suicídio, Wilton aponta que devemos ser capazes de perceber os sinais de alerta que uma pessoa emite. “Uma pessoa potencialmente suicida pode apresentar como sintomas tristeza significativa com falta de vontade de estar com outras pessoas, mudanças repentinas do comportamento, roupas diferentes do habitual, buscar realizar várias pendências e às vezes pensa em realizar um testamento, podendo apresentar calma e despreocupação após um período de crise de depressão ou ansiedade. Bem como pode realizar ameaças de suicídio com frequência”, afirma o psicólogo.
Portanto, o especialista desta que se você perceber que uma pessoa está desinteressada, não tem mais a mesma produtividade em suas atividades de rotina, está isolando-se de amigos e parentes, descuidando-se da aparência ou diz muitas frases relacionadas à morte, isso pode ser sinais de depressão e esse indivíduo está precisando de ajuda.
Campanha – A campanha da valorização da vida trata sobre a importância da saúde mental e os impactos que geram quando não recebem a devida atenção. Com isso, a ação reforça também a prevenção ao suicídio, um assunto complexo, mas de forma empática. Nessa situação destacamos dois aspectos: o autoconhecimento e o autocuidado.
“O autoconhecimento para nos conhecermos um pouco mais e saber como estamos lidando com as situações do dia a dia e por quê são tão estressoras, como estão os nossos sentimentos. E o autocuidado para trabalhar todos esses aspectos. Daí a importância do suporte profissional para que possamos aprender a lidar de forma equilibrada durante a rotina quando essas situações estão bem tensas. Existem outros meios também que facilitam bastante o autocuidado, mas que muitas vezes são deixados de lado, que é a prática de atividades físicas, momentos de lazer, relaxamento, etc., tudo o que faz sentido para nós mesmos”, alerta a psicóloga Ivana Teles.
A médica explica que atualmente existem diversos canais para dar atenção e atendimento às pessoas que podem estar precisando de ajuda. Um dos primeiros passos é procurar auxílio com um especialista sobre o assunto, como um psicólogo, o qual irá realizar o acompanhamento adequado e pode encaminhar ao psiquiatra para realização de intervenção medicamentosa.
Outro canal de atendimento é o número 188, do Centro de Valorização à Vida (CVV), que funciona 24 horas por dia, de forma gratuita. Caso considere melhor escrever, pode utilizar o atendimento por chat e e-mail, disponíveis no site do CVV. Todos os atendimentos são mantidos em estrito sigilo.
Sobre a data – A história por trás da cor amarela é a da morte de um jovem americano de 17 anos que tirou a própria vida dentro do seu carro, um Mustang amarelo, depois do término de um relacionamento ter o levado à depressão.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.