O funeral da atriz ocorrerá na Basílica da Estrela, em Lisboa, na segunda e na terça-feira, seguindo depois o funeral para o Cemitério do Alto de S. João, onde o corpo será cremado.
Entre as 15:00 e 16:00 de terça-feira, será celebrada uma missa de corpo presente, na Basílica da Estrela, estando a cerimónia de cremação no cemitério prevista para as 17:00.
Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prestou já “emocionada homenagem” à atriz Eunice Muñoz e agradeceu-lhe “décadas inesquecíveis”, em nome de todos os portugueses, lamentando a sua morte com profunda consternação.
“É profundamente consternado que tomo conhecimento da morte de Eunice Muñoz, uma referência nacional, admirada e respeitada por todos os portugueses”, declarou o chefe de Estado à agência Lusa.
“Em seu nome, presto-lhe uma emocionada homenagem e agradeço décadas inesquecíveis da vida de todos nós”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
“É o meu trabalho”
No final do ensaio de O Ano do Pensamento Mágico, o pungente monólogo de Joan Didion que Eunice Muñoz estreou em novembro de 2010 no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, uma pequena multidão de jornalistas junta-se para falar com aquela que muitos consideram a maior atriz portuguesa. Querem saber como é que se faz para, aos 82 anos, decorar um texto tão extenso, se se emocionou durante os ensaios, a que parte do seu passado vai buscar as lágrimas que derrama em cena. A tudo Eunice responde numa voz pausada: “É o meu trabalho. Tenho de saber o texto, tenho de chorar quando o encenador me diz que devo chorar. Sou uma atriz muito obediente.” Como se fosse simples. Como se não fosse preciso talento. De olhos no chão, enroscando as mãos uma na outra, tímida e franzina, Eunice Muñoz não gostava muito de falar do seu trabalho. Era das pessoas mais difíceis de entrevistar por isso mesmo. Se lhe perguntávamos como fazia, ela respondia: “É a minha profissão.” E não adiantava muito mais explicações.
O segredo do sucesso? “Tive muita sorte”, dizia em todas as entrevistas que deu ao longo da sua carreira. Depois referia os mestres com que aprendeu e, por fim, admitia o mérito de trabalhar, “trabalhar muito” até conseguir alcançar todas as nuances pedidas pela personagem e pelo encenador. E sublinhava: “Sempre me interessou mais o lado artístico do que o material, queria interpretar grandes textos.” Nunca conseguiu “dizer que não a um bom texto”.
Com Informações Diário de Notícias.
 





