Comunidade rural recebe ação preventiva após casos de agressão por morcegos

A Prefeitura de Manaus mantém sob controle a situação na comunidade Nova Jerusalém, no Minpidiaú, área ribeirinha da cidade, na calha do rio Negro (distante a quase 80 km da capital), onde foram registrados casos de agressão por morcegos hematófagos. Uma equipe de oito técnicos da Vigilância em Saúde realizou, no sábado, 19/1, ação preventiva na localidade, onde profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) constataram nove vítimas, sendo sete na mesma casa.

A secretária municipal de Saúde, em exercício, Adriana Elias, explica que a ação foi organizada após o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Amazonas (CIEVS/AM) repassar a informação de um possível caso de agressão em criança de dois anos residente naquela comunidade.

“A Semsa foi acionada e imediatamente destacou a equipe de Vigilância Epidemiológica para investigação e acompanhamento do caso, confirmando a agressão à criança e à mãe por morcego, em casa, no dia 13/1. De acordo com relatos da mãe, a criança apresentou, no dia seguinte, febre e dor abdominal. Ambas foram trazidas para Manaus e receberam soro e vacinação na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus”, informa a secretária.

Segundo a investigação epidemiológica, além da mãe e da criança, mais cinco pessoas da família foram agredidas na mesma casa, e outras duas pessoas na mesma comunidade, totalizando nove pessoas agredidas por morcegos.

Os profissionais de saúde trouxeram ontem (sábado) para Manaus, mais cinco pessoas da família agredida para receberem a vacina mais o soro ou a imunoglobulina.  Até o momento, nenhuma delas apresentou sintomas de raiva humana, se caracterizando como casos de atendimento antirrábico devido à agressão por animal silvestre.

Identificação

Na próxima terça-feira, 22/1, o Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (Devae), da Semsa, vai enviar outra equipe composta por técnicos da Vigilância Epidemiológica e Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), além de técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), para identificar qual a espécie de morcegos hematófagos causou as agressões.

Segundo a diretora do Devae, enfermeira Marinélia Ferreira, o trabalho será executado durante a noite, porque envolve captura de morcegos para análise e aplicação de pasta vampiricida para eliminação de colônias remanescentes. “Acreditamos que causas ambientais possam ter provocado a mudança de comportamento dos morcegos, que normalmente se alimentam do sangue de animais como cavalos, bois, galinhas, cães e gatos. O sangue humano é a última opção na alimentação desses indivíduos”, relata Marinélia.

Prevenção

Todos os morcegos podem carregar o vírus da raiva, e para que ocorra a transmissão é necessário o contato da saliva com o sangue. Por isso, os morcegos hematófagos, que mordem os animais, são os principais transmissores.

Desde o dia 13/12, a Prefeitura de Manaus está realizando, na zona urbana, a Campanha de Vacinação Antirrábica Animal, com a meta de vacinar 234.329 animais, sendo 170.421 cães e 63.908 gatos da zona urbana da cidade. Na zona rural, a campanha foi encerrada ainda no ano passado, com a vacinação de 12.606 animais.

O trabalho é realizado casa a casa, mas caso os tutores dos animais não estejam no momento da visita dos vacinadores, poderão procurar a vacina nos postos fixos. Um deles está instalado na própria sede do CCZ, na avenida Brasil, Compensa, zona Oeste, e o outro na unidade móvel estacionada no Shopping Phelippe Daou, na avenida Camapuã, Jorge Teixeira, zona Leste. Os dois postos fixos funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30, e aos sábados, das 8h às 11h30.

Zoonose

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que acomete mamíferos, inclusive o homem. É considerada uma zoonose, ou seja, é uma doença que pode ser transmitida dos animais para o homem e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda, letal em aproximadamente 100%.

É transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, mas também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. A vacinação anual de cães e gatos é uma medida eficaz de prevenção da raiva nesses animais e, consequentemente, da raiva humana.

Texto: Sandra Monteiro/Semsa

Fotos: Divulgação/Semsa

 

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