Aranha de 310 milhões de anos achada na Alemanha surpreende pesquisadores

Fóssil da aranha Arthrolycosa wolterbeeki, a mais antiga da Alemanha Jason Dunlop, PalZ, 2023 (CC BY 4.0)

Um fóssil de aranha encontrado nos arredores de Osnabrück, na Alemanha, tem deixado cientistas surpresos. Datado de cerca de 310 milhões de anos, o objeto foi determinado como o mais antigo registro desse tipo de animal no país europeu; e, além disso, após anos de pesquisa, um especialista chegou à conclusão que o ser vivo pertence a uma espécie que nunca havia sido estudada.

A relíquia foi encontrada por Tim Wolterbeek, pesquisador de geociências da Universidade de Utrecht (Países Baixos), há quase quatro anos. Após realizar algumas análises do achado, ele decidiu deixar o objeto com alguém que fosse especializado no estudo de aracnídeos; assim, a pesquisa sobre a aranha ficou a cargo de Jason Dunlop, do Instituto Leibniz para a Evolução e Ciência da Biodiversidade, na Alemanha.

Num artigo divulgado em 16 de julho na publicação PalZ, Dunlop aponta que o fóssil da Era Paleozoica pertence à ordem Araneae, o que o separa de grupos anteriores de aracnídeos parecidos com as aranhas. O pesquisador nota que o notável estado de conservação do objeto permitiu que ele verificasse essa classificação.

“Característico do gênero, o novo fóssil revela um opistossoma dorsal tuberculado posteriormente e pernas relativamente alongadas e cerdas, sendo que a primeira perna é mais longa que a segunda e a terceira. As fieiras [órgãos produtor de seda] também são preservadas, confirmando seu status como uma aranha genuína”, descreve Dunlop em seu artigo.

Aranha rara

É possível que a A. wolterbeeki passasse o dia escondida em uma toca, reduzindo drasticamente suas chances de ser preservada em um fóssil — Foto: Jason Dunlop, PalZ, 2023 (CC BY 4.0)

Ao determinar que o fóssil realmente pertencia a uma nova espécie, Dunlop decidiu batizar a aranha de Arthrolycosa wolterbeeki, em homenagem ao pesquisador que a encontrou.

O autor do estudo destaca que o achado faz parte do pequeno grupo espécies do Carbonífero que podem ser atribuídas com segurança à ordem Araneae.

Embora já se conheça 12 espécies de aranhas desse período do Paleozoico, esse número ainda é muito menor do que o registrado para outros aracnídeos relacionados a esse grupo, como os Phalangiotarbidas. Dunlop propõe uma possível explicação para essa raridade: aracnídeos como a A. wolterbeeki podem ter sido “caseiros” como as aranhas modernas da subordem mesotheles.

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