Neste sábado, dia 9, o Brasil voltou a co-presidir o Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima, o Caucus Indígena. A gestora ambiental Sineia do Vale, indígena do povo Wapichana de Roraima, assumiu oficialmente a co-presidência do Caucus como representante dos povos indígenas da América Latina e do Caribe durante a reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP29), em Baku, capital do Azerbaijão.
O Caucus Indígena é o espaço dedicado exclusivamente às populações indígenas para alinhar conceitos e posicionamentos relacionados às pautas de negociação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Sineia do Vale é uma liderança indígena do povo Wapichana, das terras indígenas Raposa Serra do Sol e Serra da Lua, localizadas ao norte de Roraima, na fronteira entre o Brasil e a Guiana. Sineia é a atual coordenadora do Comitê Indígena das Mudanças Climáticas (CIMC), co-presidente do Comitê Regional da Amazônia Brasileira para Parceria com Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da Força Tarefa de Governadores para Clima e Florestas (GCF-TF), representando o movimento indígena, e coordenadora do departamento de gestão territorial, ambiental e de mudanças climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), organização de base da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Para Sineia, que participa do Caucus Indígena desde 2011, a expectativa é de trabalhar ao lado das outras co-presidentes, representando os povos indígenas ao redor do mundo, em especial da América Latina, Caribe e Brasil.
“Quero trazer cada vez mais informações dentro dos temas discutidos na UNFCCC que dizem respeito aos povos indígenas, como mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, artigo 6 Artigo 6 sobre a regulamentação dos processos relacionados ao mercado de carbono, financiamento climático, além da questão das mulheres e jovens para trazer um melhor engajamento para a COP30 no Brasil”, afirmou a co-presidente.
Falando em COP30, que ocorrerá em Belém em 2025, Sineia destaca a importância da ampliação da participação indígena nas discussões da COP no Brasil. “Nosso objetivo é trabalhar para ter representantes indígenas de todo o mundo e possamos dialogar com as diversas partes do mundo para que eles possam ter os seus representantes na COP, que será uma COP diferente, dentro da América Latina, na Amazônia”, completou.
Referência em estudos sobre a crise climática em comunidades indígenas, Sineia atua há mais de 30 anos como defensora ambiental. Já ganhou prêmios como o “Cientista Indígena do Brasil” (Planetary Guardians, 2024), “Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença” (Embaixada dos EUA, 2022) e “Troféu Romy – Mulheres do Ano – 2023”. Em 2021, ganhou destaque internacional ao ser convidada para participar da Cúpula de Líderes sobre o Clima, sendo a única brasileira (além do então presidente Jair Bolsonaro) a participar do evento.
Autoridade climática reconhecida, Sineia foi nomeada co-presidente para a América Latina e Caribe do Caucus Indígena durante a COP28, realizada em Dubai em 2023.
Sobre a Coiab
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) é a maior organização indígena regional do Brasil, com 35 anos de atuação na defesa dos direitos indígenas à terra, saúde, educação, cultura e sustentabilidade, considerando a diversidades de povos, e visando sua autonomia por meio de articulação política e fortalecimento das organizações indígenas. Atua em nove estados da Amazônia Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e está articulada com uma rede composta por associações locais, federações regionais, organizações de mulheres, professores, estudantes indígenas, e subdividida em 64 regiões de base. Saiba mais em coiab.org.br.
Fotos: Pepyaka Krikati