PC-AM deflagra Operação Holograma e prende membros de organização criminosa responsável pelo 1º caso de deepfake no Amazonas

Suspeitos aplicaram golpes milionários utilizando “plásticas digitais” por meio de Inteligência Artificial (IA)

FOTOS: Erlon Rodrigues e Divulgação/PC-AM

A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), apresentou nesta quinta-feira (11/09), em coletiva de imprensa, o resultado da Operação Holograma. A ação resultou no cumprimento de mandados de prisão contra membros de uma organização criminosa responsável por aplicar golpes milionários utilizando “plásticas digitais” por meio de Inteligência Artificial (IA). Este é o primeiro caso registrado no Estado envolvendo clonagem de biometria facial.

A operação, deflagrada ao longo desta semana, contou com o apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE), da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo (PC-SP), em Ribeirão Preto (SP), além da Delegacia Regional da Polícia Civil de Uberlândia (MG).

Segundo o delegado Cícero Túlio, a Operação Holograma é fruto de uma investigação de aproximadamente dois meses, iniciada a partir de denúncias registradas no 1º DIP. As vítimas relataram terem sido surpreendidas com a informação de que veículos zero quilômetro haviam sido financiados em seus nomes, sem qualquer conhecimento ou consentimento.

A partir disso, a equipe policial iniciou diligências e coletou informações junto às instituições financeiras responsáveis pela liberação dos financiamentos. Constatou-se que a documentação apresentada no procedimento havia sido, muito provavelmente, falsificada por meio de recursos de inteligência artificial.

“No curso da investigação, reunimos vídeos e imagens utilizados para a autorização dos financiamentos. O material foi submetido à perícia criminal do Departamento de Inteligência e Polícia Judiciária (DIPJ), que concluiu que cerca de 99% dessas imagens foram produzidas com o uso de inteligência artificial, em uma prática conhecida como ‘plástica digital’. Também identificamos que as biometrias faciais das vítimas foram clonadas”, detalhou o delegado.

Ainda conforme a autoridade policial, as investigações revelaram o destino dos valores obtidos com a venda dos veículos adquiridos pelo grupo. O esquema funcionava da seguinte forma: os suspeitos coletavam informações pessoais em bancos de dados abertos e redes sociais, de onde extraíam fotografias e documentos das vítimas. Esse material era inserido em plataformas de inteligência artificial para criação de hologramas que reproduziam a biometria facial das pessoas.

Em seguida, buscavam concessionárias que autorizavam financiamentos por meio de compras virtuais. Durante a etapa de videochamada exigida no processo, os investigados utilizavam os hologramas para se passar pelas vítimas, garantindo a liberação do crédito. Assim, conseguiam adquirir veículos totalmente financiados, que eram posteriormente enviados para o estado de São Paulo, sobretudo para Ribeirão Preto (SP), e também para Uberlândia (MG).

 

Prisões

Com base nas provas reunidas, a Polícia Civil representou por três mandados de prisão (sendo dois preventivos e um temporário) e quatro mandados de busca e apreensão.

Em Ribeirão Preto (SP), foram presos preventivamente um casal, um homem, de 38 anos, e uma mulher, de 32 anos. A mulher era responsável por retirar os veículos no Amazonas e remetê-los, por meio de cegonhas, a outros estados. Já em Uberlândia (MG), foi presa temporariamente uma mulher, de 29 anos, que já responde por tentativa de homicídio cometida em 2016, na mesma cidade.

Durante as diligências, foram apreendidos e recuperados três veículos zero quilômetro, além de computadores, celulares e documentos utilizados no esquema. Todo o material será novamente submetido à análise pericial, a fim de identificar possíveis novos envolvidos.

“Há indícios de que os investigados mantenham vínculos com uma organização criminosa atuante no Sudeste do país. Não está descartada a hipótese de que os veículos pudessem ser utilizados, inclusive, para o transporte de entorpecentes de forma oculta”, acrescentou Cícero Túlio.

 

Procedimentos

Os presos foram encaminhados para audiências de custódia em suas respectivas comarcas e permanecerão à disposição da Justiça. Eles responderão pelos crimes de estelionato, associação criminosa, falsificação de documentos e falsidade ideológica.

 

 

 

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