A comunidade de São Raimundo, localizada na Reserva Extrativista Lago do Capanã Grande, no município de Manicoré (AM), promoveu no dia 21 de setembro uma oficina presencial como parte da Jornada COP30: Sistematização dos Planos de Ação Climática para a Amazônia. O encontro reuniu mais de 80 comunitários em um processo coletivo de construção de estratégias de adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
A iniciativa faz parte da “Jornada COP30”, uma articulação interinstitucional que visa mobilizar a sociedade para a maior conferência climática do planeta, que será realizada em Belém (PA), em 2025. É realizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Instituto Virada Sustentável, Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e Ministério da Cultura, com apoio da Rede Conexão Povos da Floresta e Itaúsa. A Rede Amazônica é parceira de mídia oficial da Jornada.
Durante a atividade, foi priorizada a elaboração de um projeto para a construção de uma escola flutuante, com a finalidade de garantir acesso à educação de qualidade, inclusão social e preparação para o mercado de trabalho, assegurando melhores oportunidades para as futuras gerações.
Para Enoque Ventura, supervisor do programa de educação para a sustentabilidade da FAS e responsável pelas formações online da Jornada COP30, a atividade em São Raimundo reflete o potencial transformador das comunidades amazônicas. “O envolvimento das comunidades é a base para a construção de estratégias sólidas de adaptação e mitigação. Em São Raimundo, vimos o compromisso concreto das pessoas em colocar a educação e a qualidade de vida no centro do enfrentamento à crise climática’’, contou.
A oficina contou com a condução das próprias lideranças locais, capacitadas pelo curso on-line com aulas assíncronas promovido pela FAS e teve a participação ativa da juventude. A estudante Dáfira Laborda da Conceição, destacou que o encontro foi um marco de união e fortalecimento para a comunidade: “Esta oficina mostrou a importância de estarmos organizados e de unirmos forças em torno da educação e da adaptação às mudanças climáticas. A proposta da escola flutuante é um exemplo de como podemos transformar nossas dificuldades em soluções, garantindo oportunidades para as próximas gerações”.
Ela também ressaltou a relevância do projeto escolhido coletivamente. “A decisão pela escola flutuante é muito importante porque vai ajudar a gente no tempo da cheia, quando hoje ficamos até dois meses sem aula. Com ela, as aulas vão poder começar e terminar no tempo certo e ainda servir de exemplo para outras comunidades’’, concluiu a estudante.
A Jornada COP30 tem como propósito a elaboração de Planos de Ação Climática para comunidades tradicionais, quilombolas e aldeias da Amazônia profunda. Trata-se de um grande mutirão de escuta, que valoriza os saberes tradicionais e fortalece o protagonismo dos povos da floresta, reconhecendo que as soluções mais eficazes para a crise climática nascem dos próprios territórios.
O processo envolve diferentes etapas: mobilização territorial e inscrição participativa, formação on-line, oficinas presenciais e elaboração dos planos locais, sistematização para a Amazônia e outros biomas, seleção e preparação dos representantes, além de uma expedição fluvial rumo à COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro deste ano.
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, a melhoria da qualidade de vida das populações amazônicas e a valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Com 17 anos de atuação, a instituição apresenta resultados expressivos, como o aumento de 202% na renda média de milhares de famílias beneficiadas e a redução de 39% no desmatamento em áreas atendidas.