Um marco histórico: pela primeira vez mulheres negras de Parintins e movimentos minorizados ocuparam as ruas do bairro Itaúna na 1ª Marcha das Mulheres Negras, na tarde desta terça-feira (25), em caminhada pelo bem viver, por justiça climática e defesa dos direitos.
Organizado pelo Quilombo Santa Izabel com apoio do articulador e aquilombado Cícero Antônio, da Prefeitura de Parintins, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação e Centro de Referência da Assistência Social – Cras União, o movimento é resultado da 5ª Conferência de Promoção de Igualdade Racial realizada em Brasília.
Yandra Carline que sofreu injúria racial no Dia da Consciência Negra, carregava um cartaz com a frase de resistência: “Racistas não passarão”, em busca de justiça, afirmando que o racismo não será tolerado.
O evento aconteceu dez anos depois da primeira marcha, em 18 de novembro de 2015, hoje com a presença do Boi Caprichoso, Sindicato dos Professores, da Universidade Federal do Amazonas, Secretarias de Assistência Social, Cultura, Núcleo de Idoso “Mãe Palmira”, Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Mulheres –CMDDMPIN e bolsistas da Escola Estadual Senador João Bosco.
A prefeita em exercício Vanessa Gonçalves marchou mostrando que o poder público se importa com as mulheres negras. “Fico feliz de participar desse momento porque é a primeira marcha das mulheres negras. Chega de discriminação, nós queremos justiça, queremos que todas sejam tratadas igualmente. Estamos aqui quebrando todas as barreiras” , destacou.
A jornalista Ádria Barbosa, que se reconhece mulher negra e interpreta a Catirina no auto do Boi Caprichoso, no Festival de Parintins, ressaltou a importância da marcha. “Somos mulheres negras resistindo e mostrando a importância do pertencimento, saímos das margens para ocupar o centro, saímos do lugar de objeto para nos colocarmos como sujeitas da nossa própria história”, argumentou.
Leilane Belém, que faz parte da coordenação do Quilombo Santa Izabel disse que o sentimento é de dever cumprido para uma luta que está começando. “Alcançamos nosso objetivo, trouxemos os movimentos e as mulheres quilombolas para a luta, graças a Prefeitura de Parintins que apoiou nossa participação na Conferência Nacional de Igualdade Racial”, agradeceu.
Para a secretária Zeila Cardoso a Caminhada das Mulheres Negras é um marco e um referencial de luta que o município abraçou. “Vislumbrávamos que a Conferência Racial apoiada pelo prefeito Mateus e a vice-prefeita Vanessa seria um divisor de águas e, hoje, a gente pode debater a dimensão do que é a perspectiva da comunidade negra e o desafio racial no país, estado e município”, enfatizou.
A secretária de Cultura e Economia Criativa, Rozenilce Santos, lembrou que o prefeito Mateus Assayag incentivou a realização da 1ª Conferência de Igualdade Racial por meio da Assistência Social. É uma gestão fazendo história. Temos um gestor que abraça todas as causas e lutas, é um momento importante de reflexão sobre o racismo, intolerância”, ressaltou.
A presidente do Sindicato dos Professores da UFAM, Valmiene Florindo, ressaltou que a marcha é um movimento internacionalista de defesa de direitos das mulheres negras. Uma luta pela politica que não destina orçamento adequado para ações de reparação de cuidado e proteção social.
Bolsistas de PCE/FAPEAM da Escola Estadual Senador João Bosco participaram da caminhada com a professora historiadora Cristiana Butel que coordena o projeto Protagonismo de Mulheres Negras e Indígenas na Amazônia, em apoio ao movimento Quilombo Santa Izabel com pesquisas e valorização da cultura negra.
Texto Josene Araújo – SEMASTH/SECOM
Fotos: Pitter Freitas





