AMAZONAS – A Fazenda Santa Rita começa a colher nesta sexta-feira (12) a sua primeira safra de soja, nos campos abertos do município de Humaitá (a 555 quilômetros de Manaus), localizado no sul do Amazonas.
A experiência dos primeiros 500 hectares do empresário produtor Jocelito Foleto só foi possível por uma decisão do então governador interino do Estado, David Almeida, por meio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
Segundo o ex-titular da Secretaria de Estado da Produção (Sepror), Dedei Lobo, a licença ambiental para o plantio mecanizado de soja, em Humaitá, estava engavetado há dois anos. “O Estado não viabilizava a liberação da licença ambiental, talvez por medo e desconhecimento sobre a região, que é formada por campos abertos e não precisa derrubar nenhuma árvore para plantar grãos. Quando o David assumiu o governo, ele destravou a licença no Ipaam com a diminuição da burocracia, porque só com a autorização do Estado os empresários poderiam se estabelecer na região”, afirma.
Com o pouco tempo que se tinha para a gestão interina, David Almeida focou os trabalhos da produção em três pontos principais: a liberação do plantio de grãos no sul do Amazonas, tornar o Estado livre da febre aftosa e fortalecer a piscicultura com a implantação de um centro de produção de alevinos, no sul do Estado. “Hoje o produtor da fazenda Santa Rita está colhendo uma soja de quatro meses, que já vai ajudar na receita do Estado”, diz Dedei Lobo.
Como a grande fronteira agrícola do Estado, Humaitá viveu há, aproximadamente, 16 anos uma decepção com a primeira experiência de plantio de soja. Dedei lembra que, na época, o governo do Estado com o programa Terceiro Ciclo investiu na produção, mas por falta de tecnologia adequada para a soja, de investimento de grandes empresários do segmento e de logística, bem como o avanço da discussão ambiental, a experiência não deu certo.
“Esse projeto de produção de grãos em Humaitá estava parado há 16 anos. Naquela época alguma coisa foi plantada, mas sem tecnologia adequada, sem nada, não deu certo. Na verdade, somente hoje o Amazonas produz soja a nível comercial”, diz Dedei.
Hoje, com a experiência da Fazenda Santa Rita, o investimento na lavoura é 100% empresarial. “São produtores que já têm experiência em Estados como o Mato Grosso e Rondônia. E inclusive o Grupo Masutti instalou o porto graneleiro em Humaitá, o que hoje favorece a logística, uma vez que as áreas de produção estão muito próximas do porto para exportação. Está provado que Humaitá tem um grande potencial de se tornar um polo de produção de grãos para o Amazonas”, disse.
O engenheiro agrônomo Guilherme Foleto, 22, filho do arrendatário da fazenda, diz que a expectativa da colheita nesses 500 hectares é a lavoura renda até 3,6 toneladas de soja por hectare. Nas outras regiões, segundo estudo agrometeorológico e espectral realizado em dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os campos brasileiros de soja devem colher uma média de 3,2 toneladas por hectare.
Guilherme explica que, entre as principais diferenças do solo de Humaitá em relação ao dos Estados de Mato Grosso e Rondônia está no tempo entre o plantio e a colheita que foi menor. “Observamos a diminuição do ciclo das cultivares devido à baixa altitude da região em relação aos outros Estados produtores”, avalia.