Márcia Perales lança livro sobre iniciativas para inclusão e democratização do ensino superior federal na Amazônia

A obra detalha 10 anos de análise do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia, no município de Itacoatiara

Foto: Nathalie Brasil / Fapeam

A pesquisadora e escritora Márcia Perales Mendes Silva, diretora-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), lançou o livro “Além dos muros universitários: expansão e democratização do Ensino Superior Federal na Amazônia”. A publicação faz parte do volume 48 da Coleção Pensamento Amazônico – Série André Araújo.

A divulgação da obra ocorreu na manhã do último sábado (18/5), durante sessão especial no Salão Nobre do Pensamento Amazônico Álvaro Maia, da Academia Amazonense de Letras (AAL), localizada no Centro de Manaus. A sessão solene foi comandada pelo presidente e vice-presidente da AAL, Aristóteles Comte de Alencar Filho e Abrahim Sena Baze, respectivamente. Também esteve presente o chefe do Departamento de Literatura, representando a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), Antônio Auzier Ramos.

Na ocasião, também foi lançado o livro intitulado “Nevoeiro: Primeiras Poesias de Torquato Tapajós”, do Acadêmico Marcos Frederico Kruger Aleixo. A cerimônia reuniu intelectuais da região amazônica, familiares e amigos.

Ambos os livros são editados pela Academia Amazonense de Letras, como parte de emenda parlamentar proposta por Serafim Fernandes Corrêa, atual Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti). A iniciativa tem o apoio do Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

O livro de Márcia Perales traz ao leitor um olhar singular sobre a educação como um meio de transformação social poderoso e um bem público. Fundamentado em amplo referencial bibliográfico, bem como, dados quantitativos e qualitativos, o estudo evidencia a necessidade de uma estrutura educacional que seja inclusiva e de grande alcance.

“Sempre tive muita expectativa, esperança e convicção de que isso tinha que ser feito, porque iria beneficiar pessoas e redesenhar o quadro de muitos municípios da região do interior do Amazonas”, pontuou Márcia Perales.

O livro surgiu da Pesquisa de Avaliação de Impacto da implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), e trata da educação como uma área estratégica e de interesse coletivo. A publicação é o resultado do Pós-Doutorado de Márcia Perales no Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais (PPGPS), da Universidade de Brasília (UnB).

A obra identificou os impactos acadêmicos, sociais e econômicos do crescente processo de expansão do ensino superior federal no Amazonas, tendo como referência o Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet), da Universidade Federal do Amazonas, localizado no município de Itacoatiara (distante a 176 km de Manaus), no período de 2007 a 2017.

O exemplar é dividido em três capítulos. O primeiro deles discute o papel social da universidade. Neste ponto da obra, o leitor é exposto a informações aprofundadas sobre o Programa Reuni, instituído por decreto. Márcia Perales também aponta a importância da interiorização da educação superior federal e estadual, e seu constante desenvolvimento.

No segundo capítulo, a autora relata o percurso de sua pesquisa, os métodos que utilizou e o perfil dos entrevistados. No total, 311 pessoas participaram do estudo. Dentre elas, gestores, ex-gestores, docentes, técnicos administrativos em educação, egressos do Icet/Ufam, discentes e representantes do poder municipal e representantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) locais.

Já o terceiro e último capítulo traz uma reflexão sobre os dados coletados, evidenciando que a ampliação democrática do ensino superior federal é um processo em construção. A autora investiga qual o cenário do Icet/Ufam de Itacoatiara após uma década, que tipo de atividades acadêmicas passaram a ser desenvolvidas e quais demandas ainda precisam ser atendidas. Além disso, ela avalia outros tópicos como o andamento de atividades de pesquisa; mobilidade estudantil; relação entre egressos, mercado de trabalho e pós-graduação; programas de assistência estudantil e de pós-graduação stricto sensu.

“A universidade tem dimensão acadêmica e social. Quando damos a oportunidade de alunos ingressarem na graduação e saírem dali com diversas possibilidades, estamos democratizando o acesso ao ensino superior. Quando a universidade se instrumentaliza adequadamente, é capaz de fazer uma verdadeira evolução”, acrescenta a escritora.

Ao longo do livro, Márcia Perales faz observações sobre as dificuldades encontradas pelos estudantes para a permanência na universidade durante o processo de formação acadêmica; e explica que o Icet estabeleceu a democratização de oportunidades na área educacional, contribuindo para o desenvolvimento da Amazônia ao seguir os seguintes pilares da Ufam: ensino, pesquisa e extensão.

O livro estimula a busca da elevação da qualidade de ensino e reconhece o papel da universidade para o desenvolvimento econômico e social do país. E assim, como instituição propor mudanças sociais, culturais e políticas a partir da produção de conhecimento científico.

A autora ressalta que 90% das pessoas entrevistadas faziam parte da primeira geração da família na universidade. “A oferta de vagas no ensino superior público federal em núcleos que estão fora das grandes capitais é indispensável, porque ali existem pessoas que estão sedentas de educação e que querem melhorar as suas vidas”.

Trajetória

Márcia Perales Mendes Silva é amazonense, doutora em Políticas Públicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-doutora em Políticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB), professora titular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), líder do Grupo de Pesquisa em Processos de Trabalho e Serviço Social na Amazônia (Getra) e membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA).

Entre os cargos ocupados, destacam-se o de reitora da Ufam, de 2009 a 2017, sendo a única mulher a ocupar esta posição, e pró-reitora de Extensão e Interiorização também da universidade.

Atualmente, é membro do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Comissão de elaboração do Plano Nacional de Pós-Graduação, dos Conselhos Técnico-científicos e de Administração do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do Conselho de Administração do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá; da Associação do Pólo Digital de Manaus; do Conselho Consultivo da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), representante do Governo do Amazonas no Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na Amazônia (CAPDA). Desde 2019 é diretora-presidente da Fapeam.

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