Na próxima quinta-feira (16/10), o Teatro Amazonas recebe a Amazonas Filarmônica, sob regência do maestro Otávio Simões, para interpretar uma das obras mais grandiosas e emblemáticas do repertório sinfônico: “Assim falou Zaratustra”, do alemão Richard Strauss (1896).
Inspirado no livro de Friedrich Nietzsche (1885), o poema sinfônico de R. Strauss percorre em música as grandes questões filosóficas da existência: a morte de Deus, a busca por novos valores e a afirmação plena da vida — uma visão cósmica e avassaladora para aquela época.
Assim como o personagem Zaratustra desce da montanha para compartilhar sua sabedoria, a música de Strauss também parte de um silêncio primordial para um nascer de luz – um verdadeiro amanhecer sonoro (que se tornou um dos momentos mais reconhecíveis da história da música). Os complexos solos de violino desta partitura estarão a cargo de Ariel Sanches, integrante da Amazonas Filarmônica desde 2022.
Dividida em nove seções contínuas, a obra alterna força e contemplação, grandeza e introspecção, representando a jornada humana entre o espírito e a matéria, entre o peso e a leveza. Nietzsche via a vida como algo a ser afirmado, mesmo em meio à dor; e Strauss traduziu esse pensamento em pura energia orquestral.
“Assim falou Zaratustra” é uma celebração da própria vida; do homem que cria sentido, supera a si mesmo e aprende a dizer ‘sim’ à existência.
Mais que um concerto, este será “um encontro entre filosofia, música e natureza”, sob o sol simbólico que nascerá sobre o palco do Teatro Amazonas.
Para completar o programa da noite, o maestro escolheu três peças encantadoras de Johann Strauss Filho, em celebração aos seus 200 anos de nascimento. (Johann Strauss Filho, austríaco, nada tinha a ver com a família de Richard Strauss, apesar do mesmo sobrenome.)
Entre essas três últimas peças que a Amazonas Filarmônica vai tocar, duas delas foram recentes “descobertas” do maestro Otávio Simões, dentro de uma lista de quase 500 composições do “rei da valsa”. O maestro, em sua intensa pesquisa de repertório, conheceu uma peça chamada “Fata Morgana” (uma fantasiosa alusão ao fenômeno de miragem que tem este nome). Na mesma semana, acabou conhecendo outra: o galope “Clique-Claque” (nome que faz referência aos blocos de madeira que a percussão toca no início da obra).
Para finalizar o concerto, será apresentada uma famosa e bem-humorada polca chamada Tritsch-Tratsch (algo como “lero-lero”), trazendo à pauta o grande hábito que os vienenses têm até hoje de cultivar uma boa fofoca.
A apresentação dura em torno de 1 hora e será realizada sem intervalo.