A política Baré para a sucessão estadual no Amazonas pegou fogo nesta semana. O que antes eram recuos estratégicos e sorrisos protocolares deu lugar a um confronto direto e sem precedentes. O senador Omar Aziz (PSD) subiu o tom e mandou um recado que ecoou do Palácio da Compensa à sede da Prefeitura: “Sou candidato ao Governo em qualquer circunstância”.
A declaração é o ponto final em uma aliança que já vinha respirando por aparelhos. O “finca-bandeira” de Omar ocorre poucas horas após o prefeito David Almeida (Avante) sinalizar movimentos para controlar a sucessão estadual através de seu grupo político, tentando isolar o senador.
A Liderança Inabalável de Omar Aziz
Se David Almeida joga com a máquina municipal, Omar Aziz joga com a realidade dos números. As últimas pesquisas de intenção de voto neste fim de 2025 (como as do instituto Census e Real Time Big Data) mostram que o senador é, hoje, o nome a ser batido:
Domínio nas Urnas: Omar aparece com uma liderança sólida, flutuando entre 37% e 42% das intenções de voto.
Vitória no 1º Turno: Em cenários de votos válidos, o senador atinge a marca de 53,8%, o que indica uma possibilidade real de liquidar a fatura sem necessidade de segundo turno, caso a eleição fosse hoje.
Peso Político: Além dos números, Omar conta com a interlocução direta em Brasília e o apoio de uma coalizão que promete ser a maior do estado, visando “retomar o comando do Palácio da Compensa”.
O “Canto da Serpente” e o desgaste de David
Enquanto Omar consolida sua liderança, David Almeida enfrenta o que analistas chamam de “Canto da Serpente” — uma tentativa de manobrar o governo do estado através do vice, Tadeu de Souza, para compensar sua fragilidade eleitoral.
No entanto, o prefeito de Manaus entra nesta briga com um pesado fardo:
Alta Rejeição: Cerca de 63% da população de Manaus desaprova sua gestão neste encerramento de 2025.
Promessas não cumpridas: As pesquisas indicam que 72% dos eleitores sentem que David falhou com a capital, o que cria um teto de vidro perigoso para quem deseja expandir sua base para o interior. Sem falar nos fornecedores que prestam serviço a prefeitura, que farão mais de 3 anos de promessas e dividas não pagas.
Veredito: O Choque de Realidades
A disputa entre Omar e David é o choque entre a liderança popular consolidada e a engenharia política de gabinete. Omar Aziz joga com o conforto de quem lidera as pesquisas e tem o controle do PSD nacional. David Almeida joga com a urgência de quem precisa da máquina pública para não ser engolido pelo desgaste de sua própria administração.
O armistício acabou. O que veremos a partir de agora é uma campanha antecipada, onde a lealdade foi substituída pelo cálculo frio e a sobrevivência política. No Amazonas de 2026, quem piscar primeiro perde o Palácio.
Ronaldo Aleixo Jornalista e Analista Político





