Em uma visita a Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua insatisfação com o trânsito da cidade, um problema que, segundo ele, superou o de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. A reclamação ocorreu durante um evento na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em 9 de setembro, onde Lula participou do lançamento do programa “União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais”.
Lula reclama do trânsito e retorna a Manaus
“Eu estava muito irritado com a agenda porque pegamos um trânsito desgraçado nessa avenida aí, pta vida, fala que São Paulo tem trânsito ruim, fala que Rio de Janeiro tem trânsito ruim, pta merda, da base naval até aqui, caraca meu, p*ta merda quanto tempo que nós demoramos. Mas de qualquer forma, vocês me deixaram feliz”, desabafou o presidente.
Apesar da irritação, Lula prometeu retornar à capital amazonense em outubro para inaugurar moradias do programa Minha Casa, Minha Vida e entregar a nova ponte sobre o Rio Curuçá, na rodovia federal BR-319, que desabou em 2022. “Obrigado pela presença de vocês e até outro dia, se Deus quiser. Eu estarei aqui em outubro outra vez, para inaugurar a casa da minha vida, para inaugurar uma ponte que caiu, que nós reerguemos e outra vez eu virei aqui, porque nós vamos ajudar a fazer com que esse estado viva melhor”, concluiu.
A Demora no asfaltamento da BR-319 e os desafios da Obra
A visita de Lula e a promessa de entrega de uma das pontes na BR-319 trouxeram à tona a discussão sobre o avanço lento do projeto de asfaltamento da rodovia, uma das obras mais polêmicas e aguardadas do país. Conhecida por ser a única ligação terrestre entre Manaus e o restante do Brasil, a BR-319, em seus mais de 800 quilômetros, tem um “trecho do meio” (aproximadamente 400 km) sem pavimentação, o que a torna praticamente intransitável durante a estação chuvosa.
A demora na obra, que se arrasta há décadas, é resultado de uma série de impasses técnicos, ambientais e burocráticos. A pavimentação do “trecho do meio”, por exemplo, depende da licença ambiental do Ibama, que exige um estudo aprofundado para garantir que a obra não causará impactos irreversíveis à floresta amazônica e às comunidades indígenas e tradicionais da região. Ambientalistas e o Ministério Público Federal têm alertado que a pavimentação pode acelerar o desmatamento, a grilagem de terras e a invasão de áreas de conservação, o que torna a liberação do projeto uma decisão complexa e delicada.
Diante da pressão por maior infraestrutura na Amazônia e das preocupações ambientais, a obra da BR-319 se tornou um símbolo do impasse entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Enquanto alguns defendem a pavimentação como crucial para o crescimento do Amazonas e a integração regional, outros argumentam que a prioridade deve ser a conservação da floresta e a busca por soluções de transporte mais sustentáveis, como o investimento em hidrovias.
Apesar dos desafios, a promessa de Lula de entregar a nova ponte demonstra um esforço do governo em avançar com a infraestrutura na região. No entanto, a questão central sobre a pavimentação total da BR-319 permanece sem uma solução definitiva, deixando incerto o futuro da principal ligação terrestre da capital amazonense.