André Mendonça protege jornalista Russo condenado, já Moraes persegue jornalistas brasileiros nos EUA pelo mesmo suposto crime

Zygar, foi condenado em seu país por "disseminar notícias falsas" ao denunciar crimes de guerra na Ucrânia.

Montagem UOL Notícias

A comparação entre as atuações dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça e Alexandre de Moraes, especialmente no que tange à defesa de jornalistas, levanta debates complexos sobre a liberdade de expressão e os limites da atuação judicial no Brasil.

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A decisão do ministro André Mendonça de conceder um habeas corpus preventivo ao jornalista russo Mikhail Zygar é um exemplo notável de sua postura em defesa da liberdade de imprensa. Zygar, condenado em seu país por “disseminar notícias falsas” ao denunciar crimes de guerra na Ucrânia, encontrou no Brasil a proteção contra uma extradição que seria claramente motivada por perseguição política.

Essa decisão sinaliza um compromisso com a proteção de jornalistas que são alvos de regimes autoritários, reafirmando que o Brasil não compactua com a criminalização da informação e do livre pensamento. Mendonça, ao agir assim, reforça o papel do Judiciário como guardião dos direitos fundamentais, especialmente quando se trata da liberdade de expressão em um cenário global de crescentes ameaças à imprensa.

A Atuação de Alexandre de Moraes e a Percepção de Perseguição

Por outro lado, a atuação do ministro Alexandre de Moraes, especialmente em inquéritos como o das fake news e o dos atos antidemocráticos, tem sido alvo de críticas e gerado a percepção de que ele “persegue” jornalistas e influenciadores digitais, como Allan dos Santos e Rodrigo Constantino.

Moraes tem sido proativo na ordem de bloqueio de contas em redes sociais, quebras de sigilo e até pedidos de prisão para indivíduos que, segundo o STF, estariam envolvidos na disseminação de desinformação e ataques às instituições democráticas. Seus defensores argumentam que essas ações são necessárias para proteger a democracia e combater a proliferação de notícias falsas que podem minar a estabilidade do país. No entanto, os críticos argumentam que tais medidas, por vezes, ferem a liberdade de expressão e o devido processo legal, criando um ambiente de insegurança jurídica para quem atua na imprensa e nas redes sociais.

A dicotomia entre as atuações de Mendonça e Moraes reflete um debate maior sobre os limites do ativismo judicial e a interpretação da liberdade de expressão. Enquanto Mendonça parece focar na proteção do jornalista contra a perseguição política externa, Moraes tem se concentrado na contenção de discursos que ele e o STF consideram ofensivos ou prejudiciais à ordem democrática interna.

O questionamento se um “defende” e outro “persegue” jornalistas é, portanto, uma simplificação de cenários complexos. Ambos os ministros atuam em diferentes contextos e com objetivos distintos: Mendonça, no caso Zygar, protege um jornalista de uma perseguição estrangeira por sua atividade crítica. Moraes, em seus inquéritos, busca coibir o que ele e o STF interpretam como abusos da liberdade de expressão que atentam contra a democracia brasileira. A avaliação final sobre quem “defende” ou “persegue” é, em grande parte, influenciada pela perspectiva individual sobre o papel do Judiciário e os limites da liberdade de expressão.

A discussão sobre a liberdade de imprensa e a atuação do STF continua sendo um dos pilares do debate público no Brasil, com repercussões significativas para o futuro da democracia.

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