Feirantes instalados na Feira Municipal da Japiinlândia, no bairro Japiim, Zona Sul de Manaus, afirmam estar sem energia elétrica há três dias, acumulando prejuízos e perda de produtos perecíveis. Segundo os trabalhadores, a situação ocorreu após a troca de transformadores realizada na última semana e teria se agravado devido a problemas estruturais e elétricos que estariam pendentes desde uma reforma anunciada pela prefeitura em 2023. As informações são do Portal Acrítica.
Vitor Wagner é feirante há 20 anos, sendo cinco deles na Japiinlândia. Ele trabalha em uma banca vendendo camarão e afirma que a falta de energia paralisou as vendas e provocou perdas significativas. Segundo Vitor, as reformas anunciadas pela prefeitura não foram concluídas e ele acredita que, por conta disso, a estrutura não suportou a carga após o trabalho da concessionária.
“Estamos três dias sem energia. Não tem como pesar carne, não tem como pesar camarão. Tem feirante que perdeu queijo, sorvete, peixe, carne. Eu perdi camarão e bacalhau que já estava preparando pro Natal. Quem vai pagar esse prejuízo?”, questionou.
O feirante relatou ainda que a concessionária de enegia teria notificado a prefeitura três vezes sobre a necessidade de adequações na fiação interna da feira, mas que nenhuma medida foi tomada antes do desligamento. Feirantes também reclamam que a obra anunciada pela prefeitura estaria parada há quase três anos, sem informações sobre a continuidade.
“O que mais revolta é essa obra parada. Ninguém diz se vão melhorar os boxes, se vão ajeitar a fiação, se vão concluir o piso. A gente vive de promessa”, afirmou Vitor.
Quem também relata prejuízos é dona Maria Lima de Oliveira, feirante há 30 anos, que trabalha com venda de roupas. Segundo ela, a falta de energia tem afastado os clientes, e isso tem a preocupado, pois as vendas realizadas na feira são a sua única fonte de renda.
“O movimento cai muito. Tem dia que ninguém entra. É um prejuízo atrás do outro. E não é de hoje que isso acontece. É algo recorrente. E a gente não teve resposta nenhuma sobre quando isso vai ser resolvido”, disse Maria.
Segundo dados da Prefeitura de Manaus, a Feira da Japiinlândia possui 2.511 metros quadrados de área construída e gera quase 290 empregos diretos e mais de 8 mil indiretos. No ano passado, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), anunciou uma reforma orçada em mais de R$ 680 mil, provenientes de um convênio com o Governo do Amazonas.
Os feirantes afirmam, porém, que as melhorias se resumiram à pintura e a parte do piso, que não chegou a ser concluído. A rede elétrica não teria sido totalmente substituída também, segundo eles.
Feirante ‘improvisa’ para não perder tudo
O feirante Francisco Nelton, que trabalha no local há cerca de 30 anos com venda de peixe, conseguiu evitar perdas maiores. Ele contou que conseguiu ‘improvisar’ e puxar energia de uma residência próxima. “Eu puxei uma extensão de uma casa pra ligar minha câmara. Não é o certo, mas se eu não fizesse isso, ia perder toda a mercadoria. A feira está parada, sem previsão”, contou.
Segundo ele, problemas elétricos são frequentes no local mesmo antes desta crise. “Sempre teve queda de energia, sempre teve problema. Essa reforma não resolveu”, acrescentou.
O que diz a Semacc?
Procurada pela reportagem de A CRÍTICA, a Semacc informou em nota que a interrupção no fornecimento de energia na Feira da Japiinlândia ocorreu devido ao furto de fiação e ao desvio irregular de energia. Segundo a secretaria, essas ações sobrecarregaram o transformador, que não suportou o consumo elevado e exigiu manutenção imediata pela concessionária.
Segundo a pasta, o reparo e a substituição dos componentes necessários estão em andamento e a normalização ocorrerá “no menor tempo possível”. A Semacc afirmou ainda que, ao identificar a situação, acionou prontamente a concessionária para priorizar o atendimento e restabelecer o funcionamento da feira.





