Wilson Lima sentado na cadeira até 31 de dezembro e o desespero nas pesquisas – Por Rafael Medeiros

Contexto Inicial e a Estratégia Fracassada:

Aqui descrevo de forma bem óbvia a estratégia original da federação UNIÃO-PP, que havia saído da base de Lula. O plano era criar um “cerco eleitoral” no espectro de direita para garantir as duas vagas ao Senado, saturando o campo com três candidaturas fortes ao SENADO: Wilson Lima (UNIÃO), Capitão Alberto Neto (PL) e Coronel Menezes (Republicanos).

O Ponto de Virada:

A estratégia desmoronou com base em “pesquisas internas catastróficas em que Wilson Lima desaparece em meio a números que não o favorecem” e atestaram total inviabilidade eleitoral de Lima, não apenas para o Senado, mas também para Deputado Federal. Este fato transforma o cenário: o que parecia uma estratégia de força revela-se, na verdade, uma operação de salvamento desesperada.

A Moeda de Troca e a Manobra de Alto Risco:

Sem viabilidade, a única moeda de troca de Wilson Lima é o cargo que ocupa. Surge, então, uma manobra complexa, legalmente amparada pela Lei de Inelegibilidades (LC 64/90), mas politicamente explosiva, considerada uma “fraude à sucessão” em sua essência.

A Jogada em Etapas:

Renúncia em Cadeia para Controle da Máquina O plano é executado em quatro etapas precisas:

  1. Renúncia de Wilson Lima: Ele renuncia nos últimos seis meses do mandato. Isso o torna inelegível (pela LC 64/90), mas seu objetivo deixa de ser ser candidato e passa a ser controlar a sucessão.
  2. Problema com a Sucessão Natural: Seu vice, Tadeu de Souza (do AVANTE), assumiria. O AVANTE é o partido do prefeito David Almeida, que passaria a controlar a máquina estadual e federal – um cenário considerado “um pesadelo” para o grupo de Wilson Lima.
  3. O Acordo Frágil: Para evitar o cenário acima, o acordo exige que Tadeu de Souza TAMBÉM renuncie. Ele também se tornaria inelegível. Em troca, seu grupo político (liderado pelo prefeito David Almeida) receberia “benesses futuras” em um acordo político.
  4. O Objetivo Final: Com a dupla renúncia, assume Roberto Cidade (Presidente da Assembleia Legislativa, filiado no UNIÃO BRASIL), como Governador Interino. Como ele não renunciou, a lei não o considera inelegível. Ele pode, portanto, concorrer a Deputado Federal (ou qualquer outro cargo) com a vantagem decisiva de comandar a máquina do estado durante os cruciais meses finais de campanha.

Análise da Nova Conjuntura: Desespero, Não Estratégia

· Fim do Cerco Triplo: A disputa ao SENADO na direita torna-se bipolar entre Capitão Alberto Neto (PL) e Coronel Menezes (Republicanos). A divisão de votos, antes uma estratégia, torna-se um risco real que enfraquece a direita.
· Vantagem para a Esquerda: A candidatura de Marcelo Ramos (PT) é a maior beneficiária. Deixando de enfrentar três rivais fortes, ele agora precisa apenas que a direita se divida entre dois para ter uma chance real de conquistar uma vaga. Lembrando que Marcelo Ramos é o único que pouco para em Manaus, joga parado e não tem cargo parlamentar ou executivo.

· Riscos da Manobra: A jogada é um loophole jurídico permitido, mas é arriscadíssima:
· Gera risco de reação popular por ser uma fraude à sucessão.
· Pode sofrer questionamentos no TSE.
· Wilson Lima sai inelegível e queimado politicamente.
· Tadeu de Souza abre mão do governo por um acordo frágil.
· Tudo depende de Roberto Cidade usar seus seis meses no poder para se eleger – uma missão de alto risco.

A exposição da fraqueza com esse novo cenário me faz concluir que o tabuleiro político amazonense não é mais dominado por uma estratégia genial, mas por uma manobra desesperada de um governador fracassado para manter seu grupo no poder. A renúncia em cadeia é uma aposta para transferir a máquina estadual para Roberto Cidade, transformando-o no candidato mais forte da direita às custas da inelegibilidade de seus aliados.

Longe de ser um sinal de força, a movimentação expõe a profunda fraqueza do grupo UNIÃO-PP no estado. A eleição para SENADO de 2026, que parecia definida, agora está completamente aberta. O verdadeiro poder de fogo pode acabar nas mãos de quem se manteve à sombra e é peça-chave do frágil acordo: o prefeito David Almeida e seu AVANTE. A análise final reforça a tese do título: “O jogo político não dorme; ele se reinventa na beira do abismo.”

Rafael Medeiros | TREZZE Comunicação Integrada.

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