Contexto Inicial e a Estratégia Fracassada:
Aqui descrevo de forma bem óbvia a estratégia original da federação UNIÃO-PP, que havia saído da base de Lula. O plano era criar um “cerco eleitoral” no espectro de direita para garantir as duas vagas ao Senado, saturando o campo com três candidaturas fortes ao SENADO: Wilson Lima (UNIÃO), Capitão Alberto Neto (PL) e Coronel Menezes (Republicanos).
O Ponto de Virada:
A estratégia desmoronou com base em “pesquisas internas catastróficas em que Wilson Lima desaparece em meio a números que não o favorecem” e atestaram total inviabilidade eleitoral de Lima, não apenas para o Senado, mas também para Deputado Federal. Este fato transforma o cenário: o que parecia uma estratégia de força revela-se, na verdade, uma operação de salvamento desesperada.
A Moeda de Troca e a Manobra de Alto Risco:
Sem viabilidade, a única moeda de troca de Wilson Lima é o cargo que ocupa. Surge, então, uma manobra complexa, legalmente amparada pela Lei de Inelegibilidades (LC 64/90), mas politicamente explosiva, considerada uma “fraude à sucessão” em sua essência.
A Jogada em Etapas:
Renúncia em Cadeia para Controle da Máquina O plano é executado em quatro etapas precisas:
- Renúncia de Wilson Lima: Ele renuncia nos últimos seis meses do mandato. Isso o torna inelegível (pela LC 64/90), mas seu objetivo deixa de ser ser candidato e passa a ser controlar a sucessão.
- Problema com a Sucessão Natural: Seu vice, Tadeu de Souza (do AVANTE), assumiria. O AVANTE é o partido do prefeito David Almeida, que passaria a controlar a máquina estadual e federal – um cenário considerado “um pesadelo” para o grupo de Wilson Lima.
- O Acordo Frágil: Para evitar o cenário acima, o acordo exige que Tadeu de Souza TAMBÉM renuncie. Ele também se tornaria inelegível. Em troca, seu grupo político (liderado pelo prefeito David Almeida) receberia “benesses futuras” em um acordo político.
- O Objetivo Final: Com a dupla renúncia, assume Roberto Cidade (Presidente da Assembleia Legislativa, filiado no UNIÃO BRASIL), como Governador Interino. Como ele não renunciou, a lei não o considera inelegível. Ele pode, portanto, concorrer a Deputado Federal (ou qualquer outro cargo) com a vantagem decisiva de comandar a máquina do estado durante os cruciais meses finais de campanha.
Análise da Nova Conjuntura: Desespero, Não Estratégia
· Fim do Cerco Triplo: A disputa ao SENADO na direita torna-se bipolar entre Capitão Alberto Neto (PL) e Coronel Menezes (Republicanos). A divisão de votos, antes uma estratégia, torna-se um risco real que enfraquece a direita.
· Vantagem para a Esquerda: A candidatura de Marcelo Ramos (PT) é a maior beneficiária. Deixando de enfrentar três rivais fortes, ele agora precisa apenas que a direita se divida entre dois para ter uma chance real de conquistar uma vaga. Lembrando que Marcelo Ramos é o único que pouco para em Manaus, joga parado e não tem cargo parlamentar ou executivo.
· Riscos da Manobra: A jogada é um loophole jurídico permitido, mas é arriscadíssima:
· Gera risco de reação popular por ser uma fraude à sucessão.
· Pode sofrer questionamentos no TSE.
· Wilson Lima sai inelegível e queimado politicamente.
· Tadeu de Souza abre mão do governo por um acordo frágil.
· Tudo depende de Roberto Cidade usar seus seis meses no poder para se eleger – uma missão de alto risco.
A exposição da fraqueza com esse novo cenário me faz concluir que o tabuleiro político amazonense não é mais dominado por uma estratégia genial, mas por uma manobra desesperada de um governador fracassado para manter seu grupo no poder. A renúncia em cadeia é uma aposta para transferir a máquina estadual para Roberto Cidade, transformando-o no candidato mais forte da direita às custas da inelegibilidade de seus aliados.
Longe de ser um sinal de força, a movimentação expõe a profunda fraqueza do grupo UNIÃO-PP no estado. A eleição para SENADO de 2026, que parecia definida, agora está completamente aberta. O verdadeiro poder de fogo pode acabar nas mãos de quem se manteve à sombra e é peça-chave do frágil acordo: o prefeito David Almeida e seu AVANTE. A análise final reforça a tese do título: “O jogo político não dorme; ele se reinventa na beira do abismo.”
Rafael Medeiros | TREZZE Comunicação Integrada.