Homens ainda resistem ao urologista; mitos e tabus precisam ser quebrados

A ida ao urologista, essencial para a saúde masculina, ainda é cercada de resistência por parte de muitos homens. O receio, geralmente baseado em preconceitos e desinformação, tem contribuído para o diagnóstico tardio de diversas doenças, como o câncer de próstata, que, se detectado precocemente, apresenta altas chances de cura, afirma o cirurgião uro-oncologista da Urocentro Manaus, Dr. Giuseppe Figliuolo.
Presidente da Seccional Amazonas da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), ele destaca que, uma das principais razões dessa resistência, é o tabu em torno do exame de toque retal, visto como uma ameaça à masculinidade. Esse estigma impede que muitos busquem o acompanhamento médico necessário.
“O exame de toque retal é rápido, eficaz e indolor. Perpetuar esse tipo de desinformação só ajuda a manter a mortalidade por doenças da próstata em alta, levando sofrimento a muitas famílias”, destacou.
Doutor em Saúde Pública, Figliuolo destaca, ainda, que a falta de hábitos preventivos na saúde masculina também é um fator agravante.
“Em geral, os homens procuram menos os médicos em comparação às mulheres e tendem a priorizar consultas apenas quando já apresentam sintomas, o que é um grave erro, pois, algumas doenças, como o câncer de próstata, por exemplo, só apresentam sintomas quando já não estão mais na fase inicial, período em que as chances de cura acabam reduzidas. São alterações silenciosas que podem custar vidas se não forem detectadas e tratadas em tempo hábil ”, alerta o especialista.
Dados da SBU apontam que no Brasil, morrem 47 homens, todos os dias, vítimas do câncer de próstata. E a expectativa é que haja um aumento global da doença nos próximos anos, o que reforça a importância da informação em torno do tema.
Atuação do urologista
No que diz respeito à saúde do homem, Figliuolo destaca que a atuação do urologista não se restringe apenas ao exame de próstata.
“Além do câncer de próstata, há outras alterações que necessitam da abordagem do urologista, tais como, as doenças que afetam mas o sistema urinário, como a incontinência e as infecções urinárias, além de questões relacionadas à sexualidade e fertilidade , como a disfunção erétil e a reposição hormonal ”, alertou, completando que parte dessas alterações afeta também o sexo feminino.
A conscientização e o diálogo são as melhores ferramentas para quebrar os preconceitos e incentivar uma rotina preventiva entre os homens, na opinião do uro-oncologista.
Por isso, o Novembro Azul e outras campanhas voltadas aos homens, são tão importantes e têm sido priorizadas pela Sociedade Brasileira de Urologia.
“No Amazonas, apesar de tímida, a campanha já tem ganhado os holofotes de forma mais efetiva. Podemos notar isso nos consultórios médicos. Mas ainda precisamos ampliar o acesso das pessoas à informação e também à assistência, promovendo o rastreio no tempo correto e o tratamento com maior eficácia”, concluiu Giuseppe Figliuolo.
Entidades médicas voltadas à saúde do homem, como a SBU, recomendam a realização do exame de toque retal e o exame de PSA, assim como a visita ao urologista, uma vez ao ano, a partir dos 50 anos.
Para homens com histórico familiar ou da raça negra, a regra é iniciar o rastreio aos 45 anos, por conta do fator hereditário e de maiores chances de desenvolver a doença, respectivamente.

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