A inauguração da Ponte Jornalista Phelippe Daou, mais conhecida como Ponte Rio Negro, em outubro de 2011, prometeu ser o marco de um novo ciclo de desenvolvimento para o município de Iranduba, interligando-o permanentemente à capital Manaus. No entanto, o que deveria ser um salto para o progresso se transformou em um cenário de estagnação e abandono para as comunidades que eram o coração da travessia fluvial, como a extinta Ponta do Pepeta e o distrito de Cacau Pirêra.
O esvaziamento da Ponta do Pepeta
A Ponta do Pepeta, em Iranduba, era o ponto nevrálgico de desembarque das balsas que faziam a ligação com o Porto de São Raimundo, em Manaus. Antes da ponte, era um local de intensa movimentação de veículos, mercadorias e pessoas, impulsionando um comércio e uma economia local, apesar da infraestrutura precária e das longas filas.
Com a ponte, essa função estratégica desapareceu completamente. O fluxo de pessoas e o dinheiro que circulavam ali se esvaíram, deixando para trás um local esvaziado que perdeu sua relevância econômica e estrutural. A tragédia se completa pela ausência de um plano de transição que pudesse amparar os moradores e comerciantes afetados pela mudança radical na dinâmica de transporte.
Cacau Pirêra: entre a conectividade e o atraso
No caso de Cacau Pirêra, um distrito expressivo de Iranduba, a construção da ponte e a consequente reconfiguração espacial provocaram profundos impactos. A localidade já era um polo importante, com seu porto servindo para o transporte de produtos como tijolos e telhas para Manaus.
A Ponte Rio Negro, embora tenha trazido a facilidade de ligação por terra, não garantiu o suporte necessário para que o distrito prosperasse na nova dinâmica. Relatos pós-inauguração indicam que o sonho de desenvolvimento não se concretizou. O município de Iranduba, como um todo, mergulhou em um cenário de atraso e falta de investimentos essenciais, apesar de estar interligado à capital por uma obra de engenharia de grande porte.
A oportunidade perdida em Iranduba
A situação de Iranduba, onde se localizam Cacau Pirêra e a extinta Ponta do Pepeta, é frequentemente descrita como um exemplo de oportunidade perdida. A grande obra de infraestrutura não foi acompanhada de políticas públicas eficazes para:
Reestruturar a economia local: O setor oleiro, por exemplo, embora forte, não recebeu o incentivo necessário para modernização e crescimento.
Melhorar a infraestrutura urbana: A carência em áreas como saneamento básico, saúde e educação persiste e não foi priorizada.
Incentivar o turismo: Atrativos locais, como as Ruínas de Paricatuba, não recebem a atenção e o investimento devidos para gerar renda para a população.
Em vez de colher os frutos do progresso prometido, o município, e em especial as comunidades impactadas, enfrentam um cotidiano de estagnação e abandono. Este cenário evidencia a falha do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Iranduba em transformar a conectividade física em desenvolvimento social e econômico duradouro. O legado da Ponte Rio Negro, para estas comunidades, é o contraste gritante entre a grandiosidade da obra de engenharia e a decadência do que ficou para trás.

Governadores
De outubro de 2011 até 2025, o estado do Amazonas teve uma sucessão de governadores, incluindo gestões completas e mandatos-tampão devido a cassações.
Os governadores que ocuparam o cargo nesse período foram:
Omar Aziz (no cargo quando a ponte foi inaugurada em 2011, completando o mandato).
José Melo de Oliveira (eleito em 2014, teve o mandato cassado em 2017).
David Almeida (governador tampão entre maio e outubro de 2017, após a cassação de José Melo).
Amazonino Mendes (eleito em 2017 para o mandato-tampão).
O que chama a atenção é o governador Wilson Miranda Lima (União Brasil) (eleito em 2018 e reeleito em 2022, com mandato previsto até 2026), que completará oito anos de gestão com nenhum progresso notável realizado na região. Aliás, o cenário se complica com a informação de que o governador é pré-candidato e deve deixar o mandato para seu vice, Tadeu, sinalizando uma possível interrupção no final da gestão sem que as questões urgentes do município tenham sido resolvidas.

O atual prefeito de Iranduba é José Augusto Ferraz de Lima (União Brasil) (O Prefeito reeleito para o exercício de 2025) com 18.117 votos, 49,55% dos votos válidos
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Foto: Google/tyba.com.br