
Uma decisão judicial que, há um ano, ordenou a remoção de denúncias contra o influenciador Hytalo Santos por parte da atriz Antônia Fontenelle, levanta questões cruciais sobre o equilíbrio entre a liberdade de expressão e a proteção da imagem. A juíza Silvana Carvalho de Soares concedeu uma tutela antecipada, priorizando a reputação do influenciador sob a justificativa de evitar “danos irreparáveis”, antes mesmo de um processo ser concluído. A medida, embora legalmente embasada, expõe a rapidez com que a Justiça pode agir para proteger indivíduos em um ambiente digital onde a informação se espalha de forma viral.
O caso ganha uma nova dimensão ao ser contrastado com a recente e massiva repercussão das denúncias feitas pelo também influenciador Felca. O vídeo de Felca, que abordou o tema da “adultização” de menores e incluiu acusações contra Hytalo Santos, gerou uma comoção nacional. A disparidade de impacto entre as duas denúncias — a de Fontenelle, vinda de uma figura pública já estabelecida, e a de Felca, que mobilizou a internet de maneira sem precedentes — sugere que, na era digital, a percepção pública e a resposta das autoridades não dependem apenas da gravidade da acusação, mas do alcance e da forma como a denúncia é apresentada.
O sucesso do vídeo de Felca em mobilizar a opinião pública, o Congresso Nacional e, por fim, o Ministério Público, evidencia o poder da nova mídia em pautar temas de relevância social. Essa mobilização resultou na desativação da conta de Hytalo no Instagram e na abertura de uma investigação do Ministério Público da Paraíba por suspeita de exploração de menores.
Essa nova investigação, desencadeada após a repercussão do vídeo de Felca, coloca em xeque a decisão judicial anterior. O caso de Hytalo Santos se torna, então, um estudo de caso sobre a dinâmica do ativismo digital e a influência da pressão pública na Justiça. Ele sublinha a necessidade de um debate aprofundado sobre como o sistema judiciário deve balancear a proteção da imagem individual com a urgência de investigar acusações sérias, especialmente aquelas que envolvem a proteção de crianças e adolescentes.
A Atriz
Para reforçar sua posição, Antonia Fontenelle compartilhou em seu perfil do Instagram um trecho de um vídeo gravado em 2024, no qual já criticava veementemente Hytalo Santos. Na filmagem, ela expressava sua indignação ao deparar-se com o conteúdo: “Tô recebendo uns vídeos bizarros de um tal de Hytalo. Vi umas coisas de um cara que tem 16 milhões de seguidores, que ele fica cercado de criança, de adolescente, esse cara distribui presente, distribui prêmio, o canal dele é todo sensualizando criança”. Antonia também direcionou suas críticas aos pais das crianças que participam dos vídeos, enfatizando que eles têm grande parcela de culpa na situação. “Não é possível que o Ministério Público vá fechar os olhos pra um negócio desses, isso é um absurdo. A culpa não é desse infeliz só não, a culpa é dos pais que vendem seus filhos”, ela afirmou na época, destacando a gravidade da exploração infantil.