“A realidade profundamente preocupante é que existem funcionários poderosos de governos estrangeiros conspirando para inundar os Estados Unidos com drogas que matam e debilitam”, declarou Jay Clayton, procurador interino dos EUA em Manhattan, em um comunicado.
Um advogado de Carvajal não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Promotores federais alegaram que Carvajal, juntamente com outros altos funcionários do governo e das forças armadas venezuelanas, liderava um cartel de drogas que coordenava o envio de toneladas de cocaína com destino aos Estados Unidos.
O cartel fez parceria com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), um grupo guerrilheiro desmobilizado que os Estados Unidos já consideraram uma organização terrorista, para produzir e distribuir cocaína, segundo alegaram os promotores.
O ex-chefe do Serviço Secreto da Venezuela, general Hugo Armando Carvajal, conhecido como “El Pollo” Carvajal, enviou uma carta de sete páginas ao juiz espanhol Manuel García-Castellón em que relata detalhes de um esquema de financiamento de partidos de esquerda na América Latina e na Europa pelos governos de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro. Entre os beneficiados estaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As informações foram divulgadas pelo site espanhol Okdiario nesta semana.
“O governo venezuelano financia ilegalmente movimentos políticos de esquerda no mundo há pelo menos 15 anos, incluindo o financiamento da criação do partido político espanhol Podemos”, diz Carvajal. “Enquanto eu era diretor de Inteligência Militar e Contrainteligência da Venezuela, recebi muitos relatórios que mostravam que esse financiamento internacional estava acontecendo.”
Carvajal cita como exemplos “concretos” de beneficiados pelo esquema de financiamento: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; Néstor Kirchner, na Argentina; Evo Morales, na Bolívia; Fernando Lugo, no Paraguai; Ollanta Humala, no Peru; Zelaya, em Honduras; Gustavo Petro, na Colômbia; Movimento Cinco Estrelas, na Itália; e o partido Podemos, na Espanha.
No documento endereçado à Justiça espanhola, ele relata em detalhes como era o envio de dinheiro à Espanha durante a criação do partido de esquerda Podemos. Segundo Carvajal, os valores foram transportados para a Europa por meio de malas diplomáticas, um sistema oficial de correspondência entre governos e o corpo diplomático no exterior e que não permite violação.
Ele conta que o dinheiro era levado por um homem de confiança do governo venezuelano da embaixada de Cuba, em Caracas, para o Ministério das Relações Exteriores, onde era recebido por Williams Amaro, secretário de Maduro.