
Em seu artigo na UOL, o blogueiro Josias de Sousa escreveu”Lula fábrica armas para o inimigo”
Josias diz “Em política, só há uma coisa melhor do que controlar o ódio: evitá-lo. Um ano depois de retornar ao Planalto prometendo uma pacificação política, Lula tem dificuldades para entregar a mercadoria. Ao inaugurar uma rodovia no Espírito Santo, chamou Bolsonaro de “aquela coisa” e “facínora”.
Lula ainda não notou que estocar ressentimento é, no seu caso, uma irracionalidade inaudita. Algo tão útil quanto tomar veneno e imaginar que o adversário morrerá.
Inelegível, Bolsonaro dedica-se à vitimização enquanto busca obsessivamente oportunidades para fazer contraponto a Lula. Para se manter vivo, precisa da ajuda do seu rival e daquilo que se convencionou chamar de esquerda.
Um dia depois da aprovação de Flávio Dino no Senado, Lula dirigiu-se a uma plateia de jovens. Disse estar “feliz”, pois, “pela primeira vez na história deste país conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista.”
Menos de 24 horas depois, ao receber o título de cidadão honorário do Paraná, na Assembleia Legislativa do estado, Bolsonaro cavalgou as palavras do seu antagonista.
“A gente vê agora a alegria dele, diz que está feliz que colocou um comunista”, declarou o capitão. “Me lembro dos discursos do Fidel Castro. Os caras sempre lutam pelo poder. Roubar a liberdade é a mais importante cartada deste povo.”
Pesquisa Datafolha divulgada há seis meses revelou que metade do eleitorado brasileiro (52%) acredita que o Brasil corre o risco de se tornar um país comunista. A crença é maior (72%) entre os eleitores que votaram em Bolsonaro na sucessão de 2022.
Ou seja: ao destilar sua irracionalidade gratuita mesmo nos momentos em que tenta soar engraçado, Lula como que iça suas velas em meio a tempestade que Bolsonaro tenta fabricar ao sacudir o lençol do fantasma comunista.
Lula faria um bem a si mesmo se desligasse Bolsonaro da tomada. Precisa dar atenção não ao rival, mas ao bolsonarismo que leva um pedaço da sociedade brasileira a se espantar com a assombração errada.
Leia o artigo completo em UOL.”