Estudo brasileiro descobre que toxicidade é inerente ao cigarro eletrônico e acende alerta para incidência do câncer de boca

Pesquisa mostra que há toxicidade até nos solventes puros dos e-líquidos, mesmo sem adição de nicotina ou aromatizantes

Um estudo brasileiro¹, realizado por pesquisadores da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), investigou a toxicidade dos solventes puros utilizados nos e-líquidos — glicerina e propilenoglicol – dos cigarros eletrônicos e fez uma descoberta alarmante: mesmo sem nicotina, aromatizantes ou outros aditivos, essas substâncias demonstram toxicidade, que pode aumentar dependendo da concentração.

O resultado dá luz aos riscos intrínsecos dos vapes, que têm se popularizado entre os jovens, impulsionado por fatores como a ampla oferta de sabores, o design moderno e uma percepção equivocada de que esses produtos são menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais.

Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo)², em parceria com a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da FMUSP, com mais de 400 pessoas que usam vape em bares, shows e eventos em São Paulo, apontam que mais da metade (52%) dos usuários está na faixa de 18 a 25 anos, sendo que muitos (60%) nunca haviam fumado antes.

“Tudo que é usado nos vapes já tem materiais carcinógenos. Essa é a grande questão. O problema é que as pessoas não sabem o mal que eles estão se expondo. Quando alguém começa a usar, duas coisas acontecem. De imediato, já causam injúrias na mucosa que podem induzir o surgimento do câncer de boca, principalmente quando há uma predisposição individual e uso prolongado. Em seguida, que talvez seja o mais aterrorizante dessa história, é o vício químico”, adverte Felipe Erlich, Rádio-Oncologista da Oncologia D’Or.

O câncer de boca, oitavo tumor mais frequente no Brasil³, tem como principal fator de risco a exposição prolongada a agentes carcinógenos – como os químicos dos cigarros, charutos, cachimbos ou vaporizadores. Esses agentes provocam mutações celulares que, no início, aparecem como manchas brancas (leucoplasia) ou avermelhadas (eritroplasia) e são capazes de evoluir para úlceras e aftas persistentes.

Quando isso ocorre, podem surgir as lesões cancerígenas, que normalmente não cicatrizam, doem, sangram e conseguem progredir de tamanho.

“As regiões mais comuns para o surgimento do câncer são a língua, o lábio, a bochecha, que chamamos de mucosa jugal, e o palato. Mas, em geral, toda a região do vermelhão da boca, que vai estar exposta a esse carcinógeno, está sob risco”, avisa Erlich.

Importância da identificação precoce

Quando não diagnosticadas precocemente, as lesões cancerígenas avançam e podem exigir cirurgias invasivas, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.

“Elas podem invadir outras áreas ou se alojar também no pescoço, que são as metástases linfonodais. Então existe uma relação muito clara entre as chances de cura e o momento do diagnóstico. Em estágios iniciais essas lesões são potencialmente curativas”, explica o Rádio-Oncologista.

É por isso que o Maio Vermelho reforça o chamado à população: atenção à higiene bucal, consulte regularmente o dentista — que muitas vezes é o primeiro a detectar lesões iniciais — e, principalmente, evite os riscos trazidos pelos cigarros eletrônicos e tradicionais.

Referências

L. R. FRAGOSO, C. et al. Not that Innocent: Chemical and Toxicological Evaluation of Glycerin and Propylene Glycol Used in Vape Liquid Production. Journal of the Brazilian Chemical Society, 2025.
2. InCor | Ciência e Humanismo. Disponível em: .

‌3. MINISTÉRIO DA SAÚDE E INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa | 2023 Incidência de Câncer no Brasil. [s.l: s.n.]. Disponível em: .

Sobre a Oncologia D’Or

Criada em 2011, a Oncologia D’Or é o projeto de oncologia da Rede D’Or formada por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional e que, atualmente, está presente em onze estados brasileiros e Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D’Or tem por objetivo proporcionar, não apenas serviços integrados e assistência ao paciente com câncer com elevados padrões de excelência médica, mas um ambiente de suporte humanizado e acolhimento. A área de atuação da Oncologia D’Or conta com uma rede de mais de 55 clínicas, tem em seu corpo clínico mais de 500 médicos especialistas nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia e equipes multidisciplinares que trabalham em estreita parceria com o corpo clínico da maioria dos mais de 75 hospitais da Rede D’Or. Além disso, a presença das clínicas da Oncologia D’Or em mais de 20 hospitais da Rede, abrange a área de atuação em toda a linha de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico, mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui