De acordo com a neurologista Daniela Vianna Pachito, estudos apontam aumento de casos de pessoas com dificuldade para dormir e com insônia, problemas gerados pelo estado emocional
O estado emocional provocado pelas circunstâncias envolvendo a pandemia da Covid-19 está aumentando os casos de distúrbios do sono, o que requer mais atenção e cuidado em relação à saúde.
De acordo com a neurologista Daniela Vianna Pachito, especialista em medicina do sono do Grupo São Francisco, que faz parte do Sistema Hapvida, foi verificado um aumento de casos em estudos realizados na França e nos Estados Unidos que identificaram o crescimento de pacientes com esse quadro.
“Percebemos esse aumento, mas ainda estão sendo conduzidos alguns estudos no Brasil. Na França, uma pesquisa apontou que 74% dos entrevistados têm algum problema para dormir. Antes da pandemia, o percentual era de 49%. Nos Estados Unidos, o número de pessoas que dormem entre 7 e 8 horas caiu de 54% para 49%”, explica.
A especialista em medicina do sono diz que os quadros de insônia, a qualidade e questões envolvendo a regularidade do sono são os principais problemas e queixas verificadas junto aos pacientes após o início da pandemia.
“A pandemia trouxe preocupações como risco de adoecer, luto pela perda de familiares e amigos, preocupação sobre trabalho e renda. Todos estes estressores contribuem para o aparecimento ou agravamento dos sintomas de insônia. Além disso, a imposição do isolamento social modificou a rotina das pessoas, em termos da regularidade dos horários de acordar e dormir, a prática de atividade física e as atividades sociais. Este fato é um fator adicional para a piora do sono”, ressalta Daniela.
A médica do Grupo São Francisca alerta ainda que é importante ficar atento, já que esse quadro a longo prazo pode provocar outras enfermidades e afetar a qualidade de vida dos pacientes com transtorno do sono.
“No curto prazo, a insônia pode agravar ou predispor a transtornos depressivos e ansiosos, comprometer a capacidade funcional e qualidade de vida. No longo prazo, insones com redução do tempo de sono apresentam aumento do risco de diabetes, doenças cardiovasculares e redução da expectativa de vida”, afirma a médica.
Dessa forma, Daniela Pachito orienta sobre a importância de alguns cuidados e, caso a situação demonstre algum agravamento, a necessidade de buscar apoio de um profissional.
“É importante ter uma rotina estruturada, evitar dormir durante o dia ou fazer outras atividades na cama. No período noturno também se deve priorizar uma alimentação leve e evitar a ingestão de cafeína, uso de álcool e tabagismo. No entanto, se persistirem os sintomas é importante procurar um profissional e realizar um tratamento por meio de terapia cognitivo-comportamental ou, em alguns casos, até adotar o uso de medicamentos hipnóticos e sedativos com cautela”, explica Daniela.
Por outro lado, a médica alerta para os riscos de automedicação na tentativa de solucionar os problemas relacionados ao sono. “O uso de qualquer medicamento deve ser feito com orientação médica, principalmente, sedativos que podem se associar a eventos adversos como sonolência residual durante o dia, risco de quedas, impacto sobre o raciocínio e memória, além de, em alguns casos, se associarem ao risco de abuso e dependência”, afirma Daniela.