Após ser atropelada e passar quase um ano sem andar, cadelinha de rua recebe ajuda de associados da Affeam e encontra lar adotivo

Uma história que tinha tudo para terminar tragicamente, teve esta semana um final feliz, em Manaus. Pururuca, uma cadelinha de rua que foi solidariamente adotada por funcionários da Associação de Funcionários Fiscais do Estado do Amazonas (Affeam) no início de 2019, após um ano morando provisoriamente na sede da entidade, enfim ganhou uma família e um lar definitivo.

Atropelamento

Parecia apenas mais uma segunda-feira comum. Os funcionários da Affeam chegavam para trabalhar e antes das 8h todos já estavam iniciando suas rotinas. Mas no dia 25 de fevereiro de 2019, latidos e gemidos chamaram a atenção na área externa do prédio.

Seguindo os sons, alguns funcionários foram averiguar e acabaram descobrindo uma cadelinha, que além de magra, machucada e assustada, não conseguia movimentar as patas traseiras.

“Ela não conseguia andar, mas também não nos deixava chegar perto, pois parecia muito assustada. Tivemos que chamar uma ONG que cuida de animais de rua para ajudar. Eles a levaram para fazer um raio-x, que constatou que ela tinha sofrido uma lesão séria na coluna por conta de um forte impacto, que provavelmente seria um atropelamento, durante a madrugada. Sem socorro, ela deve ter procurado um abrigo e veio se arrastando até aqui”, imagina Ana Cristina de Lima, do setor administrativo, que foi uma das primeiras a encontrar Pururuca.

Recuperação em segredo

Ana conta que sabia que a sede da Affeam não era o local ideal para que Pururuca ficasse, mas também sabia que devolvê-la às ruas seria como assinar seu atestado de óbito, então junto com alguns colegas, resolveu manter a presença dela por lá em segredo, até que o dono fosse encontrado, baseando-se numa teoria que ela poderia já ter um lar na vizinhança.

Mas o tempo foi passando e o possível dono nunca foi encontrado, o que fez com que a estadia de Pururuca se prolongasse por mais tempo. Com a ajuda de associados e outros funcionários, ela continuava recebendo de cuidados comuns, como alimentação e banho, até alguns mais complexos, como idas ao veterinário e sessões de acupuntura que foram realizadas para que ela tivesse uma redução nas dores e pudesse fazer uma cirurgia para voltar a andar.

“Eu tenho uma cachorrinha e vi a necessidade que a Pururuca teria se não tivesse ninguém para ajudar, então me coloquei à disposição para estar ao lado dela durante todo esse processo de recuperação. Eu dava banho, remédio, comida. Estava aqui aos sábados, feriados, Natal, Ano Novo, porque ela precisava e eu a amo”, conta o auxiliar de serviços gerais Douglas Peres, um dos funcionários que encontrou Pururuca e foi um verdadeiro pai para o animal.

Claro que nesse ritmo, o segredo sobre Pururuca foi ruindo pouco a pouco. Quanto mais gente sabia da história, mais voluntários para ajudar em sua recuperação apareciam, e logo o caso chegou aos ouvidos da diretoria.

“Todo domingo, venho com minha família aqui para a Affeam, e quando vimos a Pururuca pela primeira vez, com as pernas quebradas, sem andar, sentimos muita pena, e nos mobilizamos para ajudar. Eu sempre fiquei numa função mais financeira, assim como alguns amigos, mas que também era muito importante, porque garantia que ela tivesse o melhor tratamento possível, no tempo que ela precisava. Vejo que fizemos nossa parte, porque ela saiu daqui, além de adotada, castrada, vermifugada, andando e totalmente recuperada. Ela ainda me deixou de herança a Maju, que foi um dos filhotes que ela teve, que acabei adotando”, relata o auditor Oswaldo Nogueira, que tirou dinheiro do próprio bolso para custear as sessões de acupuntura, e faria o mesmo com a cirurgia, que no fim, não precisou ser realizada.

Uma nova história

Com tudo dentro dos conformes, Pururuca virou uma espécie de mascote da associação. Mesmo com movimentos limitados, ela andava livremente e recebia o carinho de todos. Novos padrinhos foram aparecendo e ajudando no tratamento enquanto um lar não aparecia. Cercada de amor e carinho, a cadelinha pôde ter, talvez pela primeira vez, uma vida normal.

Totalmente adaptada ao ambiente da associação, Pururuca surpreendeu ao voltar a andar sem necessidade de cirurgia, há poucos meses. Recuperada, ela já tinha se tornado figurinha carimbada na pelada de associados todas as quartas e sábados, e chegou à servir à Affeam como cão de guarda voluntário.

Depois de voltar a andar, Pururuca finalmente conseguiu um lar definitivo. Raimundo Rocha, que também é auditor, e participou ativamente do processo de recuperação da cadela, abriu um espaço em casa para recebê-la. Agora, além de amor, carinho e ambiente adequado, Pururuca também terá uma família para chamar de sua. Ana revela que os sentimentos se misturam num momento como esse.

“Por um lado, ficamos tristes, porque não vamos mais ter a companhia dela por aqui. Ela alegrava o ambiente e era muito querida por todos. Mas só de saber que enfim ela vai ter um lar, onde vai ser cuidada com todo carinho, faz tudo valer a pena, e a felicidade é maior”, concluiu.

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