Desmatamento no bioma Amazônia em 2023 é o menor em cinco anos; no Cerrado, a taxa é a maior em sete anos 

Na temporada 2022/2023, o bioma Amazônia registrou uma área desmatada de 9.064 km², a menor taxa de desmatamento anual desde 2018, quando o bioma apresentou 7,5 mil km². Os dados consolidados são do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quarta-feira (8)Em comparação com o período anterior (temporada 2021/2022), a redução de desmatamento foi de 46,5%.

Para a porta-voz da frente de Florestas do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira, a redução na taxa de desmatamento na Amazônia em 2023 reflete a retomada de políticas ambientais de fiscalização e controle em nível federal no ano passado, mas alerta que tais políticas estão paralisadas na maior parte de 2024.

“Se considerarmos o atual contexto de paralisação dos servidores do Ibama e ICMBio há mais de 100 dias, em razão de melhores condições de trabalho, a tendência de queda observada pode mudar de direção. Não adianta comemorar a redução do desmatamento na Amazônia, ao mesmo tempo em que o governo ignora reivindicações trabalhistas de quem está na linha de frente do combate à devastação da floresta”, analisa Ferreira.

O calendário de desmatamento considerado pelo sistema Prodes vai de agosto de 2022 a julho de 2023. Este ano, pela primeira vez, o sistema de monitoramento considerou outros tipos de vegetação dentro do bioma amazônico para além das florestas, como os seus campos naturais.

“A Amazônia não tem somente vegetação florestal, ela também engloba outros tipos de vegetação que devem ser considerados no monitoramento da região. Isso é importante para que o avanço do compromisso de desmatamento zero assumido pelo governo federal no bioma possa ser avaliado por meio de dados oficiais em toda a sua magnitude”, diz Ferreira.

 

PRODES Cerrado: aumento do desmatamento

Enquanto o desmatamento caiu na Amazônia na temporada 2022/2023, no Cerrado, o registro de desmatamento no mesmo período foi o maior desde 2016.

Quase metade do desmatamento no Cerrado está em apenas dois estados: Maranhão (26%) e Tocantins (20%). Para se ter noção da área devastada no estado maranhense, o desmatamento foi de cerca de 3 mil km2, metade do tamanho do Distrito Federal, ou duas vezes a cidade de São Paulo.

Se considerarmos regiões dentro do Cerrado, o MATOPIBA (sigla para MA, TO, Pi e BA, locais em que há forte expansão do agronegócio, seguido por alta nas taxas de desmatamento nos últimos anos) concentra 75% da taxa de desmatamento no bioma.

“Historicamente, a política ambiental no Cerrado possibilita um crescente aumento nos dados de desmatamento no bioma. Planos de ações ambientais precisam ser implementados no Cerrado, assim como é preciso fortalecer a fiscalização ambiental na região”, alerta Ferreira.

DETER Amazônia

Dados do sistema Deter, do Inpe, anunciados nesta quarta, demonstram uma queda do desmatamento em abril na Amazônia pelo quarto mês consecutivo. Porém, a porta-voz do Greenpeace Brasil alerta que o pior momento para o desmatamento no bioma ainda está por vir.

“Estamos nos aproximando do chamado ‘verão amazônico’, período de maior seca na região, em que são esperadas taxas de crescimento do desmatamento na Amazônia. “O desmatamento na região poderá aumentar”, afirma Ferreira.

 

Sobre o Greenpeace Brasil

O Greenpeace Brasil é uma organização ativista ambiental sem fins lucrativos, que atua desde 1992 na defesa do meio ambiente. Ao lado de todas as pessoas que buscam um mundo mais verde, justo e pacífico, a organização atua há mais de 30 anos pela defesa do meio ambiente denunciando e confrontando governos, empresas e projetos que incentivam a destruição das florestas.

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