Empresário suspeito de dopar homem em festa e estuprá-lo após levá-lo desacordado para casa é solto e nega crime

Reprodução PC

Investigado por dopar um homem em uma festa, levá-lo desacordado para o seu apartamento e estuprá-lo, o empresário Pedro Felipe Xavier Santos voltou à liberdade, em Goiânia. A Justiça acatou o pedido de habeas corpus depois que a defesa do empresário apresentou um vídeo que questiona a versão da vítima de que estaria inconsciente (assista acima). O empresário se diz inocente.

“A acusação original sugere que (a vítima) estaria em um estado de vulnerabilidade, presumivelmente incapaz de oferecer resistência ou consentimento. Entretanto, o comportamento documentado no vídeo demonstra plena consciência durante os atos registrados”, destacou a juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães na decisão de soltar o empresário.

O advogado da vítima, Rodrigo Lustosa, diz que houve crime. “Ele é vítima, foi vítima de uma violência atroz e inominável. A conclusão foi precisa, que a autoridade policial enxergou a existência de prova da ocorrência da infração penal, indícios de autoria e isso verdadeiramente existe”, disse.

Pedro Felipe foi solto na terça-feira (19), depois de passar quase dez dias preso. Em vídeos compartilhados nas redes sociais, o empresário aparece recebendo o abraço de familiares, e agradece ao apoio que recebeu. Ele também afirma que entende a gravidade do crime, mas que no caso dele, houve uma injustiça.

“Nós vencemos a primeira etapa, a primeira batalha, que é conseguir essa liberdade, sair da prisão. Foram dias muito difíceis, os dias mais difíceis da minha vida. (…) Eu estava como acusado nessa situação, um inocente podendo pagar por um crime que não cometeu. Eu acho que as medidas têm que ser duras para esse tipo de crime, mas devem ser averiguadas com mais atenção”, afirmou.

O caso está em segredo de justiça, mas o g1 obteve os documentos da soltura do empresário. O delegado Humberto Teófilo, responsável pelo caso, indiciou o empresário por estupro de vulnerável, embora o exame que ateste se a vítima foi dopada ou não ainda não tenha ficado pronto.

A polícia disse que tem exames que comprovam a prática sexual forçada e concluiu o inquérito. Agora, o Ministério Público de Goiás vai decidir se acusa ou não o empresário do crime.

Câmeras de segurança divulgadas pela defesa do empresário mostram que ele e o outro homem chegaram juntos no apartamento. O empresário e a vítima se cumprimentam e trocam carícias dentro do elevador. Os dois se beijam. Na saída, a vítima parece estar um pouco desorientada.

O empresário não tem passagem por outros crimes e, apesar da imagem dele ter sido divulgada desde a prisão pela polícia com o objetivo de identificar outras possíveis vítimas, ninguém mais apareceu para fazer outra denúncia.

O que diz o empresário?
O empresário de 32 anos contou em entrevista à TV Anhanguera que conheceu a vítima durante um show de pagode, em Goiânia. Pedro Felipe disse que eles conversaram por poucos minutos e que em nenhum momento beberam juntos.

“A versão que ele dá é que a gente trocou bebida, que a gente ficou junto e isso não existiu. Eu encontrei com ele a primeira vez na hora que eu fui ao banheiro com uma amiga. Na porta do banheiro, a gente se esbarrou, conversou um pouco e logo depois eu voltei pro meu lugar. Ele sumiu, foi pra onde ele estava, não vi ele mais. Na hora de ir embora, (se reencontraram e) ele foi junto com a gente”, afirma.

O empresário afirma que a amiga dele foi quem chamou um motorista de aplicativo. Eles pararam em um restaurante, onde a mulher desceu. Pedro Felipe disse que sua amiga chegou a perguntar para o homem se ele não queria ficar com ela para comer, mas ele recusou, dizendo que queria passar a noite com ele.
“Ele falou que não, falou que queria dormir comigo e perguntou se poderia dormir aqui na minha casa. Eu falei que sim e a gente veio embora”, afirma o empresário.
Pedro Felipe contou também que, depois que chegaram ao apartamento dele, os dois tiveram várias relações sexuais. O empresário afirma que durante todo o tempo o outro homem estava consciente. Na manhã seguinte, o homem acordou chorando, se dizendo arrependido do que tinha feito, pois tinha terminado um relacionamento há pouco tempo. Eles conversaram amigavelmente e se despediram.

“Eu levantei, fui tomar um banho. Na hora que eu voltei do banho, ele estava na cama chorando. Eu perguntei o que foi, peguei uma água, dei para ele. Ele falou que não sabia o que estava acontecendo, que ele não poderia ter ficado comigo, porque ele terminou um relacionamento recentemente. Eu perguntei se ele queria que eu levasse ele embora. Ele falou que não precisava, que o carro dele estava na casa de um amigo. Ele falou com um amigo, um amigo dele veio buscar ele aqui. Eu acompanhei ele até a porta, até o elevador, perguntei se estava tudo bem. Ele despediu, estava tranquilo, a única coisa que teve é que ele chorou”, diz o empresário.

Versão da vítima
Pedro Felipe foi preso em flagrante suspeito de estupro no dia 10 de novembro. Poucas horas depois de deixar a casa do empresário, a vítima procurou a polícia. O homem diz ter se sentido atraído pela mulher que estava com o empresário, que bebia uísque. Afirma que, em dado momento, perdeu a consciência e só acordou no apartamento do empresário, sem roupa e com o suspeito tentando ter relações sexuais sem consentimento.

O homem também afirmou que estava com dores nas partes íntimas e que tem certeza que foi abusado. A vítima acredita que foi drogada com alguma substância na bebida dele. Ainda em depoimento, disse que saiu do apartamento desesperado e com sentidos prejudicados. Diz que chamou um amigo para ajudá-lo e que esse amigo o levou até a delegacia.

 

Homem acusa empresário de estupro de vulnerável, em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

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