Novembro Azul chega ao fim com uma chamada à ação permanente pela saúde masculina

À medida que as cortinas do ‘Novembro Azul’ são fechadas, e a comunidade médica celebra os avanços alcançados a partir da campanha, fica o apelo à população masculina para que se mantenha atenta aos cuidados com a saúde e aos sinais que apontam para possíveis alterações, que podem evoluir, comprometendo a qualidade de vida e a longevidade dessa parcela da sociedade.

O cirurgião uro-oncologista Giuseppe Figliuolo, presidente da seccional amazonense da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), explica que, além do processo educativo, o fortalecimento da rede de atenção ao homem, voltada ao rastreio e diagnóstico precoce do câncer, é a ação essencial para que o Brasil reduza as mortes pela doença. “Entre 2019 e 2022, mais de 63,7 mil homens perderam a vida em decorrência do câncer de próstata. Uma dura realidade que precisa mudar o quanto antes”, destaca.

A SBU orienta que homens com 50 anos ou mais, visitem um urologista, anualmente, para a avaliação clínica e rastreio do câncer de próstata. Homens com casos da doença na família precisam iniciar a investigação antes, aos 45 anos, por conta do fator hereditário, que transfere características genéticas de pais para filhos, por exemplo. O mesmo serve para homens negros, que têm maior probabilidade de desenvolver o câncer de próstata.

Campanha e estruturação da rede assistencial

Em novembro, a doença ganhou os holofotes, com a abordagem de temas em torno da prevenção e dos sinais que apontam para o câncer de próstata. Entre elas, estão: dificuldade de urinar, demora em começar e terminar de urinar, sangue na urina, redução do jato urinário, aumento da necessidade de eliminar a urina, dores e desconfortos pélvicos.

“O verdadeiro desafio começa agora: transformar o impulso temporário da campanha em uma mudança de longo prazo. Este não é o encerramento de uma campanha. É um convite para integrar a conscientização sobre a saúde masculina em nosso cotidiano”, disse Figliuolo, que é doutor em saúde pública e atua há cerca de 20 anos na área da oncologia.

Médico da Urocentro Manaus, o especialista afirma que estruturar a rede a partir da atenção primária, para que os homens possam fazer, anualmente, a avaliação clínica, com exame de toque retal e o PSA (dosagem do antígeno prostático a partir de exame de sangue), é algo que pode transformar a realidade oncológica, levando a população masculina a buscar ajuda em um tempo curto e ampliando as chances de sucesso do tratamento.

“Sabemos que há instituições especializadas no tratamento do câncer, que acabam recebendo pacientes com a doença já na fase avançada, o que torna o tratamento mais invasivo, oneroso e com a eficácia reduzida. Isso porque, quanto mais tarde o câncer é descoberto, mais disseminada está a doença,  mais difícil é o tratamento. A lógica inversa serve para o diagnóstico precoce, o qual potencializa as chances de cura”, explicou.

Segundo Figliuolo, a campanha Novembro Azul não trata apenas de uma luta contra o preconceito e o machismo. Trata-se da conscientização de todos os entes envolvidos, incluindo o poder público, para que a oferta de rastreio e tratamento esteja ao alcance de quem necessita. “Iluminar prédios públicos e privados com a cor azul chama a atenção para o momento de conscientização sobre o câncer de próstata e sobre a saúde do homem em geral. A informação é um pilar importante nesse processo, mas, a assistência adequada também é crucial”, assegurou o cirurgião.

Para ele, o engajamento da comunidade, a realização de eventos educativos e a presença nas redes sociais têm se tornado peças fundamentais para que o movimento ganhe força. “Continuaremos a trabalhar juntos para que a conscientização sobre a saúde masculina não seja limitada a um único mês, mas se torne uma prioridade constante”, disse.

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