SPAs em ‘áreas vermelhas’ não tem PM nem segurança terceirizada

O pânico generalizado causado pelo tiroteio e perseguição a bandidos dentro do Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto no último dia 25 revelou um cenário de despreparo na segurança efetiva em algumas unidades de saúde da capital amazonense. O episódio, que provocou correria e deixou um dos maiores hospitais de Manaus com atendimento suspenso por cerca de meia hora, foi ápice de uma série de tentativas de invasões e até mesmo roubos que vêm ocorrendo dentro dos estabelecimentos médicos públicos.

Situado em uma área considerada “vermelha” no bairro Colônia Oliveira Machado, o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) da Zona Sul atende casos de urgência e emergência. Apesar de a unidade ficar próxima ao 2º Distrito Integrado de Polícia (DIP), quem busca algum tipo de assistência tem de lidar com a vulnerabilidade a ações criminosas já que o local não possui nem mesmo agentes de portaria.

A gestora do SPA, Juceline Fayal de Freityas, afirma que mesmo funcionando desta forma, a insegurança não é uma problemática na unidade. Ela diz que a presença constante da Polícia Militar na área coíbe possíveis inconvenientes e resguardam pacientes e profissionais que ali trabalham.

“Na nossa unidade a gente ainda não conseguiu terceirizar esse serviço, mas nós temos contato direto com a PM, pois a delegacia fica aqui perto. Toda ocorrência, seja ela agressão verbal ou tumulto, a gente aciona e em questão de minutos eles já estão na porta. Como aqui é área vermelha, eles passam por aqui, entram para beber água e dão uma circulada nos corredores para checar se está tudo bem”, afirma Juceline.

Ela diz que o medo de alguma reação exacerbada existe, mas a orientação é manter a calma e agir de forma profissional. “A gente recebe de tudo um pouco. Estamos passíveis disso em qualquer lugar, seja em pequenas ou grandes unidades”, opina a gestora. Atualmente a unidade é monitorada apenas por sistema de circuito interno privado.

Após o episódio da invasão ao HPS 28 de Agosto, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) informou que determinou reforços nos principais hospitais da capital. Na ocasião, o titular da pasta, Amadeu Soares, informou que as unidades hospitalares receberão apoio da PM nas portarias quando receberem feridos em confrontos.

Segurança reforçada após duas tentativas

Em meio à guerra entre traficantes de facções rivais, o medo no bairro da Compensa é uma constante. Quando não conseguem matar os rivais, os criminosos não hesitam em invadir os locais para onde as vítmas foram levadas para receber socorros e tentar concluir a execução. No SPA Joventina Dias pelo menos duas tentativas de invasão por bandidos com este intento foram registradas nesse ano.

A primeira ocorreu em 27 de junho, quando membros de uma facção tentaram entrar na unidade para matar três pessoas que haviam sido baleadas na tarde daquele dia. Em 31 de agosto, outra ameaça de invasão causou transtornos à comunidade e tensão entre quem estava dentro da unidade. Na ocasião, três homens que haviam sido baleados e estavam recebendo cuidados no local. A PM foi acionada e conseguiu contornar as duas situações.

Antes, o hospital só possuía com agentes de portaria e, após os episódios violentos, há cerca de três meses, passou a contar também com apoio de escolta armada e auxílio do Comando de Policiamento de Área (CPA) Oeste, que fica situado nas proximidades.

O gerente administrativo do SPA, Rômulo Gomes, destaca a aliança entre o hospital e comunidade. Lá, assim que alguma pessoa é vítima de arma branca ou de fogo, os funcionários são comunicados pela própria população e medidas de prevenção são tomadas.

“Além de o CPA ficar aqui perto, também contamos muito com a ajuda das pessoas da área, já que eles geralmente conhecem esses pacientes. Quando recebemos alguém assim, por precaução, fechamos e isolamos toda a unidade. Agora contamos ainda com a escolta armada. Claro que existem riscos, entretanto, isso nos dá uma maior segurança para fazer o nosso trabalho. Trabalhamos sob alerta”, afirma Gomes.

Bandidos armados tentaram invadir a unidade para onde os rivais baleados foram levados.

Alvos de furtos e assaltos

Assaltos constantes ocorrem nas dependências do SPA e Maternidade do Galiléia, que fica no bairro Monte das Oliveiras, Zona Norte. Os roubos acontecem tanto no estacionamento como na recepção dos dois prédios. Quem aguardava na recepção do hospital na noite do dia 30 de novembro do ano passado, por exemplo, teve o celular roubado durante um assalto.

No dia 10 de agosto deste ano, uma dupla armada em motocicleta assaltou pacientes da maternidade. Cinco dias depois, a PM realizou a prisão de um homem que tentava assaltar a unidade com um simulacro de arma de fogo.
Ontem, apenas uma agente de portaria foi vista pelo Portal A CRÍTICA controlando a passagem de pacientes. A direção da unidade preferiu não se pronunciar.

Danilo Corrêa e CPER

No SPA Danilo Corrêa, localizado na Cidade Nova, Zona Norte, agentes de portaria de uma empresa terceirizada regulam a entrada e saída de pacientes.

Em maio deste ano, um grupo armado invadiu a recepção da unidade e levou pertences e celulares de funcionários e pessoas que aguardavam por atendimento na recepção. No local,. O caso do roubo foi registrado no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP), entretanto os suspeitos não foram identificados.

Nem mesmo o Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (CPER)passou imune aos olhos dos criminosos. Na madrugada do dia 3 de abril deste ano, dez homens armados com pistolas e armas de cano longo invadiram as dependências do hospital para roubar o caixa eletrônico do lugar. Durante a ação, os criminosos prenderam os colaboradores dentro de uma sala. A Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfd) prendeu sete dos dez suspeitos no dia 20 de abril.

No último ano pelo menos três assaltos foram registrados no SPA do Galiléia.

Fonte: https://www.acritica.com/channels/manaus/news/spa-zona-zul-que-fica-em-area-de-conflito-de-faccoes-nao-tem-pm-nem-seguranca-terceirizada

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