Justiça nega vida digna para urso Robinho e impede sua transferência para santuário

Após quatro anos de tramitação de uma ação judicial movida pela ONG, a Justiça em 1ª instância tomou uma decisão que determina que Robinho deve permanecer no Zoológico de Goiânia.

A diretora jurídica do Fórum Animal, Ana Paula Vasconcelos, ressalta que Robinho vive confinado em um ambiente insalubre e quente, de dimensões pequenas, incompatível com o bem-estar animal. O urso nasceu em cativeiro, no Zoológico de Goiânia, e vive há mais de duas décadas encarcerado em condições precárias.

“A sentença mantém o Robinho em local inadequado, viola seu direito e dignidade”, pondera a diretora jurídica. “Ele é um ser senciente que teve uma vida de sofrimento. Assim, se faz necessária uma análise além dos aspectos jurídicos, incluindo os aspectos morais”.

 

O Fórum Animal já recorreu da decisão na Justiça. “É necessário que o Judiciário entenda, de uma vez por todas, que a sociedade evoluiu no trato com os animais. Esse posicionamento antropocêntrico em ver o animal como um patrimônio do município de Goiânia não condiz com o nosso avanço civilizatório”, afirma Ana Paula Vasconcelos.

 

“Mesmo que um santuário já tenha oferecido espaço adequado para abrigar o urso, a Justiça insiste em mantê-lo como um objeto de divulgação dentro do Zoológico de Goiânia. Existe uma saída que permitiria bem-estar e mais liberdade para o Robinho, sem que ele fosse exposto ao público, mas infelizmente o Judiciário se negou a entender isso”, diz o diretor-executivo do Fórum Animal, Taylison Santos.

Histórico do caso

Robinho nasceu no Zoológico de Goiânia, há mais de 20 anos. Ele só conhece muros, barulho, estresse, calor e exploração para o entretenimento humano. Imagine você existir apenas para ser observado por pessoas, sem poder vivenciar nada diferente?

 

A sociedade civil de Goiânia foi quem primeiro denunciou a terrível situação em que se encontrava o urso Robinho, inclusive pedindo ajuda ao santuário Rancho dos Gnomos. Após receber inúmeras denúncias, em 2020, o Fórum entrou com um processo judicial com o objetivo de permitir que Robinho fosse levado ao santuário, em um ambiente e um clima mais condizente com suas necessidades e sem exploração para visitações.

Uma liminar da Justiça chegou a reconhecer, ainda em 2020, que o clima de Goiânia não era adequado para o urso, um animal que não existe na fauna brasileira e que não está habituado às altas temperaturas no Centro-Oeste de nosso país. A decisão, porém, foi derrubada pouco depois.

 

Com a repercussão negativa e imagens chocantes do local onde o urso viveu por anos, o Zoológico de Goiânia mudou o urso Robinho de recinto, numa atuação que o Fórum Animal entende como uma “maquiagem” para evitar as acusações de maus-tratos.

 

“Esperamos que os julgadores reconheçam o sofrimento de um animal que foi condenado a um cativeiro cruel, mesmo sem ter cometido nenhum crime”, afirma a diretora jurídica do Fórum Animal.

Sobre a entidade:

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal) é uma organização fundada há 23 anos visando reunir ativistas e fortalecer ações para a proteção de todas as espécies animais. Construiu uma rede de apoio a outras ONGs por todo o país, com mais de 100 organizações afiliadas que atuam pela defesa do meio ambiente e a proteção animal, prestando apoio técnico e lutando pelo reconhecimento da senciência e dignidade animal.

É formada por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos-veterinários, pesquisadores, especialistas em marketing, comunicação, gestão de projetos, advogados e biólogos. Com a missão de proteger os animais em todo o país, sem distinção de espécie, trabalhando para que eles sejam respeitados como seres sencientes, e lutando para reconhecer a dignidade animal.

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