O bandido terrosrista vice-chefe do braço político do Hamas, Saleh al-Arouri, afirmou ontem à TV Al Jazeera que o grupo fundamentalista islâmico não concordará com libertações adicionais de reféns até que haja um cessar-fogo completo e que todos os presos palestinos sejam soltos.
— Deixe a guerra seguir seu curso. A decisão é final — afirmou à rede com sede no Catar, acrescentando: — Não faremos concessões.
Segundo al-Arouri, os reféns que o grupo ainda mantém na Faixa de Gaza são soldados e homens israelenses que já serviram previamente no Exército. Israel, porém, afirma que havia expectativa de que mais 15 mulheres e duas crianças fossem libertadas como parte do acordo alcançado em 21 de novembro, que possibilitou uma trégua de sete dias, suspensa na última sexta-feira.
Uma fonte estrangeira disse nesta semana que não havia informações precisas sobre o número de mulheres mortas ou ainda em cativeiro em poder do grupo — questão central para o fim da trégua. Já o serviço de Inteligência de Israel, Mossad, disse ontem que uma lista aprovada pelo Hamas para pôr o acordo em vigor incluía as mulheres e crianças que agora o movimento diz não ter em sua posse.
As declarações foram feitas no mesmo dia em que Israel chamou de volta uma equipe do Mossad que estava no Catar, país que mediou o acordo de novembro com apoio do Egito e dos EUA, para negociar uma eventual retomada da trégua. Segundo o jornal Times of Israel, a equipe foi chamada após as negociações chegarem a “um beco sem saída”.
No segundo dia de retomada de ataques contra Gaza, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, reiterou no sábado que continuará a guerra contra o Hamas “até alcançar todos os seus objetivos”, que incluem a libertação dos reféns israelenses e a eliminação do movimento islamista palestino no poder em Gaza.
— Nossos soldados se prepararam durante os dias de trégua para uma vitória total contra o Hamas — declarou Netanyahu em sua primeira coletiva de imprensa desde a retoma dos combates.
Na noite de sábado, milhares se manifestaram em várias cidades de Israel para pedir pela libertação dos reféns remanescentes, em solidariedade às famílias que ainda esperam informações desde 7 de outubro, quando o Hamas lançou um ataque sem precedentes em solo israelense.
O Exército israelense informou que desde o fim da trégua atacou “mais de 400 alvos” em Gaza, 50 deles na região de Khan Younis, no sul do enclave, onde o necrotério do principal hospital está em colapso, segundo um correspondente da AFP.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, cerca de 200 pessoas foram mortas e 650 ficaram feridas desde o fim do cessar-fogo.